Parque Nacional sobe do mar a 1.500 metros de altitude
por Sergio Torres
Perto tanto do Rio de Janeiro quanto de São Paulo, o Parque Nacional da Serra da Bocaina é um espaço preservado com paisagens que incluem montanhas florestadas a até 1.500 metros de altitude, cachoeiras exuberantes e, creiam, praias cristalinas.
Parte do parque fica no Estado de São Paulo, parte no Estado do Rio. Para os que viajam pela litorânea Rio-Santos, a Bocaina é aquela muralha verde que se ergue abruptamente das cercanias do litoral.
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Do alto das montanhas, descem quedas d´água que, no solo, formam rios em direção ao mar dos municípios de Angra dos Reis e Paraty. É o caso da cachoeira do Bracuhy. No alto da serra, acessada a partir da cidade paulista de Bananal, o turista consegue tomar banho ao lado do penhasco de onde as águas despencam centenas de metros. Perigoso, certamente. Mas inesquecível, diante da imensidão da paisagem: montanhas, mar, cachoeiras, ilhas.
Um paraíso assim ainda está protegido, mas, como tudo neste país, sofre ameaças várias: ocupação irregular de terrenos em áreas restritas, derrubada de espécimes vegetais nobres da Mata Atlântica, caça de animais silvestres e poluição do rios decorrente da ocupação urbana ilegal e caótica.
Um dos destaques da Serra da Bocaina é a estradinha que liga a cidade de Paraty ao município paulista de Cunha. Antes considerada quase intransponível, pelas péssimas condições do piso de terra, a estrada já está pavimentada, mas passar por ela requer muita atenção.
Chamada de Estrada Real, a RJ-165 é sinuosa e bem estreita, especialmente nos 10 km anteriores à divisa com São Paulo. O piso é de bloquetes. A partir das 18h a estrada fecha. Só reabre na manhã seguinte. É uma estrada-parque pioneira no Brasil.
Neste trecho protegido a viagem acontece dentro da Mata Atlântica. A floresta é tão fechada que pouco se avista da paisagem lá em baixo. A exceção é um platô improvisado de onde se enxerga Paraty, a baía de Angra e até a embocadura do Saco de Mamanguá, espécie de fiorde tropical, único no litoral brasileiro.
A chegada a São Paulo muda o panorama. A rodovia passa a ser de asfalto, as montanhas transformam-se em colinas, surgem as propriedades rurais. Fazendas, pousadas, empórios, restaurantes, lindos campos de lavanda e até uma cervejaria artesanal se sucedem rumo à Cunha.
E é em Cunha — cidade aladeirada nos moldes de Olinda e Ouro Preto, mas sem a pujança histórica dessas joias do barroco brasileiro — que está uma grande surpresa para o viajante: uma vinícola!
Sim, a Pousada Vinícola Vale do Vinho fica a 2 km do Centro. Sua produção é artesanal, nos moldes dos vinhos produzidos na região sul da Itália, local de origem da família que há dez anos fundou a vinícola.
O produto é orgânico, sem conservantes prejudiciais à saúde. O vinho feito ali é para consumo exclusivo dos hóspedes. Não há venda externa. Mas o hóspede pode comprar quantas garrafas quiser e lavá-las para casa.
A vinícola produz um excelente cabernet sauvignon. Também há um licor artesanal de limão siciliano, de teor alcóolico elevado, que vale a pena provar. Em breve, haverá, também, a produção de azeite artesanal. As oliveiras já estão plantadas. A safra virá logo.
Para fechar o texto, podemos falar das diversas cachoeiras de Cunha. A do Pimenta é a mais bela, com três patamares ligados por trilhas. Fica a 10 km do Centro. A estrada de chão é bem conservada. Vale a visita e o banho gelado.