Anvisa integra grupo de estudos da medida criado pela OMS
Por Sergio Torres
Um documento de validade internacional comprovatório de que seu portador está vacinado contra a Covid-19. A medida deverá ser implantada ainda este ano nos principais países da Europa, Ásia e América do Norte.
No Brasil, a Agência Nacional de Segurança Sanitária (Anvisa), do governo federal, participa do grupo de trabalho instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para analisar a criação do certificado internacional.
O já batizado passaporte de vacinação – físico e/ou digital – já está em estudos avançados nos Estados Unidos. Na tentativa de diminuir os efeitos trágicos da pandemia do coronavírus, o presidente Joe Biden determinou às agências governamentais o levantamento da viabilidade do vínculo dos certificados de imunização aos documentos tradicionais de vacinação.
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O Museu tá on
Em fevereiro, o tema foi discutido em reportagem de grande repercussão publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times”. Na Europa, a Dinamarca anunciou que, ainda neste semestre, lançará um passaporte digital para que seus cidadãos, em viagens ao exterior, consigam provar que já foram vacinados.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) se antecipou aos governos e desenvolveu passes digitais de viagem, já em processo de adoção pelas companhias aéreas asiáticas Etihad e Emirates. A entidade representa 290 empresas de aviação, que representam 82% do tráfego aéreo global.
Seja em formato de carteira sanitária, certificado governamental ou em aplicativo, o passaporte terá o objetivo de comprovar que a pessoa está vacinada contra a Covid-19. Em debate no momento pelas autoridades sanitárias e diplomáticas dos países está a aceitação internacional do comprovante.
A empresa de informática e desenvolvimento tecnológico IBM está desenvolvendo um passe digital de saúde. Além de prova de vacinação, o documento pretende reunir laudos de exames negativos, o que permitiria ao portador o acesso não só a aviões, mas a espaços de frequências de público, como estádios, teatros, cinemas, escolas e sedes de trabalho.
No Brasil, as agências de turismo acompanham o processo de elaboração do documento de vacinação contra o coronavírus. Ouvido pela “Folha de S. Paulo”, o vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), Edson Romão, afirmou que “a vacina é a única cura para a economia do turismo”.
Para o dirigente empresarial do setor turístico, a tendência é que documentos do tipo sejam exigidos em viagens internacionais.
Um dos pontos em discussão, antes do emprego do certificado, é a eficiência das vacinas nos casos de contaminações assintomáticas. E ainda a possibilidade de veto de determinado país a uma vacina aplicada no viajante em sua nação de origem. Um exemplo é a vacina Coronavac, fabricada na China. Ela foi aprovada no Brasil, depois de alguma polêmica, mas não nos Estados Unidos.
Uma das questões que deverão ser discutidas em fóruns internacionais é a aceitação pelo país apenas das vacinas aprovadas por suas agências regulatórias. Isso abre a expectativa de adoção de certificados diferentes para cada vacina. O que, certamente, vai complicar ainda mais a vida do turista que aguarda com ansiedade a retomada da normalidade nas viagens internacionais.
Sem falar no impacto da pandemia no setor turístico internacional, que já acumula, em pouco mais de um ano, um prejuízo estimado em US$ 3 trilhões. Quanto mais demoram medidas de sucesso contra a pandemia, mais aumenta o prejuízo.
Por fim, o passaporte de vacinação eliminaria a exigência que a grande maioria dos países faz a seus visitantes: o cumprimento de quarentenas que por vezes demoram 15 dias. Vamos admitir que nada deve ser pior do que passar as duas primeiras semanas de férias preso dentro de um quarto de hotel. Com o documento comprobatório da vacinação, a quarentena poderá vir a ser abolida ainda este ano.