O curta-metragem de animação “Sobre Ela” (“About Her”, na tradução literal em inglês), que trata da violência contra a mulher, foi premiado nesta quinta-feira (7) no New Wave Short Film Festival, em Munique, na Alemanha. O filme tem roteiro, direção e música do desembargador Wagner Cinelli, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
“Sobre Ela” foi o vencedor da categoria “Women Empowerment” (“Empoderamento Feminino”, em tradução livre). O curta-metragem retrata a relação abusiva do homem que subjuga a mulher e transforma o lar em um ambiente de medo.
O filme tem a direção de arte de Lucas Chewie e produção da Com Domínio Filmes. Inspirado pela realização do curta, o desembargador lançou, em dezembro, o livro “Sobre Ela: uma história de violência”, pela Editora Gryphus.
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Cinelli se interessou pelo tema a partir da experiência como juiz criminal nos anos 90. Ele dedicou-se ao estudo de desigualdade de gênero no mestrado que realizou na London School of Economics (Reino Unido). “Quando atuei como juiz criminal, impressionou-me o número de casos de maridos que agrediam suas companheiras e a continuação do vínculo entre eles, a despeito da relação abusiva. Parecia uma pandemia de abusadores e vítimas predestinados a uma vida de tormenta”, afirmou.
Os casos de feminicídio, infelizmente, persistem nos dias de hoje. São crimes que chocam o país. Em 24 de dezembro, véspera do dia de Natal, seis mulheres sofreram feminicídio no Brasil, entre elas a juíza do TJ-RJ Viviane Vieira do Amaral.
Em entrevistas à RecordTV e a Rádio Roquette Pinto, nesta semana, Cinelli afirmou que o primeiro passo é ter a consciência de que o problema existe.
“É fundamental falarmos sobre esse assunto. A necessidade de debater o tema é reforçada por esses recentes e trágicos casos de feminicídio. O grande desafio é quebrar o círculo de violência, fazer com que esses homens agressivos se conscientizem de que não podem se comportar assim e, desta forma, evitar que outras pessoas reproduzam esse tipo de comportamento. A violência não pode ser normal. Devemos, também, tornar cada vez mais conhecido o número da Central de Atendimento à Mulher, o 180”, disse.
Ouça abaixo a entrevista do desembargador Wagner Cinelli para a Rádio Roquette Pinto: