Campanha estimula retorno às lojas de livros
Por Sergio Torres
O comércio virtual impediu o fechamento, durante a pandemia, de dezenas e dezenas de livrarias e sebos por todo o Brasil. Mas a venda online não conseguirá manter operante a secular atividade que enobrece a cultura, propicia o saber e engrandece as relações humanas: a venda de livros em lojas especializadas.
Para que as livrarias brasileiras não morram, grandes e pequenos empresários do setor uniram-se em novembro passado em torno da campanha #tudocomeçanalivraria. A iniciativa já reúne ao menos 120 livreiros do país.
O setor editorial avalia que desde o início da pandemia, e com
a imposição da quarentena decorrente da expansão da doença, as vendas físicas de livros caíram em torno de 50% em relação a 2019.
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O comércio online assumiu parte desta perda, mas não tudo. De qualquer forma, o hábito de comprar livros pela internet, que já vinha em crescimento, foi reforçado pela pandemia.
Esse quadro gerou nos livreiros a sensação de que, se nada fosse feito, o mercado presencial tenderia, mais cedo ou mais tarde, a virar reduto de nostálgicos, integrantes de gerações passadas que não se adaptaram ao mundo moderno virtual.
A partir desta constatação, lideranças da área editorial brasileira passaram a estudar soluções que não só diminuíssem os prejuízos financeiros, mas, sobretudo, servissem como estímulo à retomada da frequência às livrarias e aos sebos.
Registre-se em um parênteses deste texto que a crise no setor é internacional. Em outubro, a imprensa de todo o mundo noticiou com tristeza o apelo dramático de Sylvia Whitman, dona da livraria Shakespeare and Company, em Paris, para que os clientes não a abandonassem. Sem a ajuda deles, a loja, maravilhosa atração cultural da capital da França, fecharia. Milhares de apoiadores acorreram. Em uma semana, houve 5.000 encomendas, o que ajudou a loja a equilibrar, temporariamente, as finanças.
Voltando ao Brasil, a campanha de estímulo à ida às livrarias tem a adesão da Câmara Brasileira do Livro (CBL), da Associação Nacional de Livrarias (ANL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
Em entrevista ao jornal “O Globo”, o livreiro Rui Campos, da rede Livraria da Travessa, disse que a campanha terá promoções, eventos e até concursos.
“As livrarias e editoras vão poder usar essa hashtag e uma logomarca em todas as suas comunicações sociais”, acrescentou.
Para o presidente da CBL, Vítor Tavares, as lojas “ainda são a grande vitrine para os lançamentos”. “As editoras sabem o quanto o papel do livreiro profissional é importante”, observou ele, conforme registro de “O Globo”.
Por mais cômodo que seja a compra virtual, no caso dos livros, não dá para comparar. Percorrer uma livraria, olhando prateleiras, folheando uma orelha, lendo um parágrafo e, finalmente, encontrando um livro de seu interesse, é experiência intelectual e humana que nenhuma tecnologia conseguirá substituir.