Dos 323 trabalhos inscritos, os jurados selecionaram 18 premiados na edição deste ano
Por Diego Carvalho e Sergio Torres
O Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos anunciou em 9 de novembro os campeões de 2020. Foram escolhidos pelos jurados das quatro categorias os autores de 18 dos 323 trabalhos inscritos. A cientista brasileira Jaqueline Goes de Jesus, eleita pelos magistrados fluminenses, recebeu o Troféu Hors Concours.
Realizada por videoconferência, a solenidade foi assistida por mil pessoas – magistrados, integrantes do Conselho Nacional de Justiça, membros do Ministério Público, defensores públicos, advogados, jornalistas, professores, líderes de movimentos sociais, estudantes e parentes da juíza Patrícia Acioli, morta há nove anos.
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Na abertura, o presidente da AMAERJ, Felipe Gonçalves, falou sobre a “colega assassinada de modo inclemente por celerados que, embora portassem crachás de autoridade policial, agiam como criminosos covardes, especialistas em emboscadas”.
“Patrícia Acioli simboliza o bem, a dignidade humana, a cidadania, o Estado Democrático de Direito. Ela estará sempre conosco. Nós brasileiros, magistrados, cidadãos, humanistas, democratas, não a esqueceremos jamais.”
Gonçalves homenageou os defensores da dignidade humana. “Celebramos nesta solenidade as causas justas da sociedade. Uma sociedade que respeita os direitos humanos cultua a civilização. Neste esforço de combate à terrível pandemia, personagens destacaram-se ao longo destes meses atrozes. O momento é de agradecimento e de reverência aos que combatem o arbítrio e defendem os direitos humanos.”
Em vídeo, o presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, Luiz Fux, exaltou Patrícia Acioli, sua aluna na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. “Patrícia representava fielmente os valores que devem mover a vida de um juiz de carreira vocacionado. Esta premiação possui o intuito de perpetuar o legado da doutora Patrícia Acioli, promovendo o diálogo entre o Judiciário e a sociedade civil.”
A presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Renata Gil, destacou a ação corajosa de Patrícia, que “entregou sua vida à luta da Justiça.” Para o defensor público-geral do Estado do Rio, Rodrigo Pacheco, é fundamental valorizar a luta por direitos humanos na sociedade. “Este prêmio é um dos mais importantes da área de direitos humanos, especialmente neste ano de tantas tragédias humanitárias.”
O deputado federal Alessandro Molon (PSBRJ), afirmou que o prêmio saúda “uma heroína (…) viva através dos seus ideais e do seu exemplo”. Representante da Assembleia Legislativa na cerimônia, a deputada estadual Mônica Francisco (PSOL) saudou “o comprometimento” da AMAERJ “com a defesa e a luta dos direitos humanos”.
A jornalista da TV Globo Rafaela Marquezini foi a mestre de cerimônias do evento, que teve a apresentação da Banda Urca Bossa Jazz, da qual faz parte o desembargador Wagner Cinelli.
O Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos tem apoio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e da Assembleia Legislativa. Os patrocinadores são a Associação dos Notários e Registradores do BrasilRJ (Anoreg), a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a empresa de shoppings Multiplan, o Grupo Carrefour, o banco Bradesco e a instituição de investimentos Harpia Funding.
Detentora do Hors Concours 2020 fala em “reconhecimento inestimável”
Biomédica graduada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Jaqueline Goes de Jesus coordenou a equipe do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo responsável pelo sequenciamento genético do coronavírus no Brasil. Ela disse receber o prêmio “em nome de todos os cientistas brasileiros que têm se dedicado incessantemente ao combate à pandemia.”
Este ano, a AMAERJ destinou o Hors Concours a uma personalidade de destaque em ações contra a pandemia. A pesquisadora foi escolhida pelos magistrados associados à AMAERJ em votação online, a partir de lista tríplice.
“Meu desejo é que a memória de Patrícia Acioli seja sempre lembrada como uma mulher de luta, por sua trajetória em defesa dos direitos humanos e também da justiça. Sinto-me extremamente honrada de ter sido escolhida.”
Jaqueline tem 31 anos, é mestre em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa pelo Instituto de Pesquisas Gonçalo Moniz (Fundação Oswaldo Cruz) e doutora em Patologia Humana e Experimental pela Universidade Federal da Bahia, em parceria com a Fiocruz.
“É um ano muito difícil para todos nós. Este prêmio (…) é um reconhecimento inestimável a essa categoria e também a mim, mulher negra. Sabemos das dificuldades no Brasil, principalmente para nós, pessoas de cor”, discursou a cientista.
Conheça mais sobre os vencedores do Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli.