O compositor Nei Lopes é um dos que completam oito décadas de vida em 2022
Por Sergio Torres
Alguns dos expoentes da Música Popular Brasileira estão fazendo 80 anos. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Nei Lopes e Paulinho da Viola aniversariam este ano. Sem dúvida, 1942 já está marcado como um ano raro na história da música do país. Vivos fossem, também estariam comemorando a oitava década talentos como Clara Nunes, Nara Leão e Tim Maia.
Caetano, Gil, Milton e Paulinho despontaram para a música nos anos 60. Tinham 20 e poucos anos. Firmaram-se a partir dos festivais da canção da época.
Nei Lopes surgiu na década seguinte. Advogado e publicitário, trocou as atividades pela música, como compositor e cantor. Seu principal parceiro foi Wilson Moreira (1936-2018), sambista de raiz, um craque.
O que distingue o carioca Nei dos colegas de 42 é a dedicação ao samba. Paulinho da Viola é também sambista, mas o choro tem presença muito importante em seu acervo de composições. Estudioso das questões relacionadas à África (sociais, culturais, históricas, políticas), Nei é laureado escritor de livros sobre a diáspora, as línguas africanas, a etnia, as origens continentais dos negros trazidos para as Américas.
Não por acaso, recebeu este ano o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde cursou Direito, e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Reconhecimento acadêmico que demorou a chegar e foi até recusado pela UFRJ em primeira análise.
Este texto destaca Nei Lopes entre os multitalentosos colegas de 42 por ser o menos divulgado entre eles. Os baianos Caetano e Gil e os cariocas Paulinho da Viola e Milton Nascimento (mineiro de criação) sempre tiveram o acompanhamento da imprensa, suas trajetórias estão fartamente documentadas na mídia. Com Nei foi diferente. Seu talento só veio a ser reconhecido mais tarde.
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