* O Globo
O juiz Rafael Estrela Nóbrega, da Vara de Execuções Penais (VEP), afirmou que a sociedade tem se contentado com o encarceramento dos criminosos, sem se preocupar com o processo que vem depois. E, na visão dele, isso contribui para o problema da violência no estado e no Brasil. Nóbrega participou nesta quarta-feira (6) do painel sobre segurança pública do “Reage, Rio!”, no Museu do Amanhã, na Praça Mauá.
O magistrado demonstrou preocupação com o crescimento vertiginoso do número de presos no sistema.
– Quando estive na VEP pela primeira vez, em 2009, havia no sistema prisional do Rio 23.450 presos. Em 2017, já são pouco mais de 50 mil presos – disse, afirmando ser preciso uma seletividade sobre quem vai colocar atrás das grades.
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Segundo Nóbrega, quando for necessário prender, é preciso pensar na ressocialização:
– Precisamos trabalhar esse ser humano. Um dia, esse preso vai voltar ao convívio social. Então, precisamos trabalhar essa pessoa que está dentro do sistema prisional, precisamos ter um olhar mais humano. A sociedade se contenta com a prisão.
Nóbrega salientou a dificuldade dos presos em ressocializar-se. Segundo ele, há cerca de 11 mil presos em regime semiaberto no Estado do Rio, mas apenas 368 podem sair para trabalhar porque possuem um emprego.
– Isso é um número muito pequeno, e se dá porque nós da sociedade nos preocupamos muito com o encarceramento. Mas, um dia, esse preso sai, e sai pior do que entrou – disse.
O juiz informou que o número de presos que saem para trabalhar e não voltam é muito pequeno, o que demonstra uma vontade deles em se ressocializar. Nóbrega apontou ainda que 49% dos presos que estão atualmente no sistema penitenciário são reincidentes. Ele frisou que seria importante a contribuição do empresariado para o oferecimento de cursos e de emprego aos presos, ajudando na ressocialização.
Fonte: O Globo