Diretor-geral da EMERJ (Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro), o desembargador Ricardo Rodrigues Cardoso teve o artigo “Eleições e ética” publicado nesta quinta-feira (6) em “O Globo”. No texto, ele ressalta a responsabilidade cívica do voto e pede ao eleitor atenção na escolha de seus representantes.
Em um trecho, ele alerta: “Sejamos atentos aos incautos e façamos valer o nosso voto. De que adiantará no futuro reclamarmos se nos omitirmos do nosso dever ou se fizermos más escolhas? De que adiantará chorar quando não tivermos mais a esperança de um Brasil melhor? Para que isto não aconteça, sejamos conscientes e atentos.”
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Leia abaixo a íntegra do artigo:
Eleições e ética
* Ricardo Rodrigues Cardozo
O Brasil de hoje exige ética na administração pública, como jamais exigiu em passado recente. O debate sobre corrupção é vivo no dia a dia entre as pessoas.
Logo virão as eleições majoritárias. O processo de campanha está nas ruas, na mídia, nos debates. É hora de pensar e refletir.
Nós, brasileiros, teremos a oportunidade de escolher pelo voto, livre e consciente, os nossos representantes. Nossos votos não podem ser conduzidos pelo apelo aético de muitos que aí estão, que se apresentam com propostas mirabolantes, absolutamente irreais, num populismo louco, retratando completo despreparo para a gestão pública, fatos que os mais esclarecidos detectam, mas, lastimavelmente, imperceptível para uma camada menos esclarecida da população, aquela que não tem acesso às informações e é culturalmente desabastecida, fragilizada pelo péssimo sistema educacional que lhes é disponibilizado pelo Estado. Ficam, pois, refens de uma esperança que, bem se sabe, jamais se materializará em realidade. Exigir ética para o exercício do mandato nada mais é do que conduzir nossos desejos para uma sociedade melhor.
Se o objeto da ética é a moral, que consiste num conjunto de condutas livres, conscientes e justas, que dirige o comportamento das pessoas no seio da sociedade, mais uma razão para nos preocuparmos com as nossas escolhas, pois serão elas que ditarão o comportamento do novel Congresso e do dirigente máximo do país.
Ainda que se reconheça a relatividade da ideia de ética quando se o posiciona no tempo e no espaço, há conceitos que se perpetuam, imodificáveis, inalteráveis, sejam vistos isoladamente ou não.
Integridade, honestidade, justiça, fazer o bem e não fazer o mal inspiram e sempre inspiraram — ao longo da história, no tempo e no espaço — uma ideia de elevada moralidade e conduta esperada de um homem de bem.
Pois é disso que se fala como norte para nossas escolhas nas urnas, em outubro próximo. É preciso que nós, do povo, saibamos reconhecer nossa responsabilidade cívica, cumprindo com o nosso dever de ir às urnas para sufragar os melhores. Não são melhores os que nos prometem milagres, dos quais sabemos que jamais cumprirão.
Sejamos atentos aos incautos e façamos valer o nosso voto. De que adiantará no futuro reclamarmos se nos omitirmos do nosso dever ou se fizermos más escolhas? De que adiantará chorar quando não tivermos mais a esperança de um Brasil melhor?
Para que isto não aconteça, sejamos conscientes e atentos.
A única opção que resta para qualquer um que queira servir ao Estado é agir com integridade e honestidade, em atenção à supremacia do interesse coletivo sobre o individual. Assim, estarão legitimados para a representatividade do mandato que lhes será conferido pelas urnas. Serão bons representantes. Sejamos atentos e cumpramos com o nosso dever cidadão.