Magistrado há 21 anos, o desembargador Nildson Araújo da Cruz se despediu do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Ele foi homenageado pelo Órgão Especial, nesta segunda-feira (20), em sua última sessão. O magistrado se aposentou no dia seguinte, ao completar 75 anos.
O presidente do TJ-RJ, Henrique Figueira, destacou que o sentimento não é de tristeza, mas de festa. “O momento é de uma grande alegria pelo dever cumprido. O desembargador Nildson é um exemplo de magistrado, veio para engrandecer nossos julgamentos, foi brilhante. O Tribunal se sente feliz e prestigiado pela sua grande trajetória de vida”, afirmou.
O 2º vice-presidente do TJ, desembargador Marcus Henrique Basílio, que atuou na área criminal com o homenageado, lembrou que Nildson costuma dizer que cada processo é uma causa de motivação para o juiz e que o magistrado deve estar em constante aperfeiçoamento.
“Um fato não é igual ao outro e ambos não podem ser tratados da mesma forma. Daí porque se dedica a um estudo amplo de todo processo. Nildson sempre defende que o juiz deve estar se aperfeiçoando constantemente, estudando e refletindo. Daí porque em sua trajetória esteve à frente de fóruns de estudo na área penal e processual na EMERJ [Escola da Magistratura do Rio], participando de debates acirrados com colegas que poderiam pensar diferente”, disse.
“Por força de imposição constitucional, os jurisdicionados perdem um julgador exemplar, referência na área penal e processual penal do nosso Tribunal, mas os estudiosos do Direito ainda o terão por muito tempo com suas lições doutrinárias eletrizantes. Pessoas como Nildson não vão embora fácil e deixam ensinamentos que permanecem para sempre. Amigo Nildson, você vai fazer muita falta aqui no Tribunal da Justiça, mas o seu talento jurídico ainda será por todos nós aproveitado na academia, à qual você certamente terá mais tempo para se dedicar. Em nome dos seus colegas do Tribunal, desejo muito sucesso nesse novo momento de sua vida”, desejou Basílio.
Na despedida, Nildson Araújo lembrou com detalhes o dia em que saiu de sua terra natal, Manaus, 55 anos atrás, trazendo um certo sentimento de culpa pela partida, justificada pela busca por novos conhecimentos e experiências no Rio de Janeiro.
“Trazia uma dor no peito que só os retirantes sentem, mas, também, uma forte esperança. Saía de um Estado pobre e esquecido para um dos mais importantes do país. O mundo e o homem se explicam pelas suas origens. A natureza da minha terra me marcou profundamente”, contou.
O magistrado disse que sai com a sensação de dever cumprido e agradeceu a todos que o ajudaram em sua trajetória: parentes, colegas, assessores e professores. Ele destacou que ninguém chega a qualquer lugar sem ajuda e compartilhou uma lição destes anos de carreira. “Aprendi que a importância da nossa função é ela mesma.”
Em decorrência da vacância, o desembargador Claudio de Mello Tavares assumiu a titularidade no Órgão Especial.
Leia também: Ex-presidente do TJ se torna membro efetivo do Órgão Especial
Chapa ‘Diálogo e União’ é a única inscrita na eleição da AMAERJ
Três juízes candidatam-se ao Conselho de Representantes do FAIM
Nildson Araújo da Cruz
Nascido em Manaus (AM) em 1946, Nildson Araújo da Cruz é casado há quase 50 anos, tem duas filhas, um filho e uma neta. Formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1971. Atuou como comissário de Polícia e, posteriormente, delegado no antigo Estado da Guanabara. Foi promotor no Ministério Público de São Paulo e depois no MP do Rio de Janeiro, onde chegou ao cargo de procurador.
Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio pelo quinto constitucional desde 9 de outubro de 2000, Nildson Araújo presidia a 6ª Câmara Criminal e o 3º Grupo de Câmaras Criminais e era membro efetivo do Órgão Especial. Coordenou a Comissão de Segurança e do Regimento Interno do TJ e atuou na área de Direito Processual Penal na EMERJ. Também trabalhou como professor de Direito Processual Penal na Universidade Estácio de Sá e como palestrante em eventos na EMERJ, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e na Escola Superior da Magistratura do Estado do Amazonas.
(Com informações do TJ-RJ)