Trekking dos magistrados percorre a Região Serrana Fluminense
Por MATHEUS SALOMÃO
Altitudes de até 2.275 metros já foram alcançadas pelo juiz Ronald Pietre e um grupo de magistrados que, nos últimos quatro anos, percorreram cinco trilhas na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Já foram vencidos os percursos da Pedra do Sino (em três ocasiões), da Pedra de Itaipava e da Cachoeira Véu da Noiva.
Organizadas com o apoio da AMAERJ, as caminhadas pelas montanhas fluminenses reúnem famílias com o objetivo de quebrar o estresse do dia a dia e manter um contato direto dos esportistas com a natureza.
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A Magistratura que queremos
Pietre, de 49 anos, foi quem idealizou a série de passeios e convidou colegas do Poder Judiciário do Estado do Rio. A proposta é unir magistrados e familiares na prática do montanhismo. Ele inspirou-se no pai, Valdir Pietre, juiz em Petrópolis que em 1982 organizou uma subida à Pedra do Sino, no vizinho município de Teresópolis.
A intenção do juiz era divulgar a precariedade dos abrigos destinados aos montanhistas ao longo da trilha. Pietre tinha só 12 anos à época. Ele acompanhou o pai no passeio.
O juiz da 2ª Vara Cível de Itaipava voltou a praticar o montanhismo sozinho em 2012. Em 2016, convidou colegas da magistratura, pela internet, para o primeiro trekking.
“Tentei incentivar os colegas a participarem desse esporte, uma atividade boa para aliviar o estresse do dia a dia da profissão, além de propiciar um contato direto com a natureza. Isso é muito bom para confraternizar”, disse.
Pietre telefonou em 2016 para a presidente da AMAERJ, Renata Gil. Ele pediu uma bandeira da associação, para que o grupo de magistrados pudesse levá-la aos mais altos pontos do Estado.
O magistrado define o montanhismo como “uma filosofia de vida” que “depende de preparo físico, psicológico, gostar do contato com a natureza e respeitar seus limites e o ambiente”. A modalidade, acrescenta, é ideal para quem busca interação com florestas e para trabalhar o instinto de sobrevivência.
O montanhismo consiste na aventura de subir as montanhas, em ambientes de natureza. A prática em alto nível exige boa condição física e técnica, além de equipamento apropriado para montanhas. “Não é um esporte para sedentários”, alertou Pietre.
“Muitas pessoas no montanhismo usam a expressão ‘eu venci a montanha’. Isso é uma grande bobagem, a montanha é que te permite chegar ao cume dela, a natureza é que permite. É preciso saber respeitar o ambiente e seus limites. Não existe neste esporte a prática sem perigo. Então, a maturidade é necessária”, destacou.
Os eventos de trekking buscam aproximar ainda mais a magistratura. A ideia é realizar caminhadas no Rio de Janeiro, em trilhas curtas e mais fáceis, como na Floresta da Tijuca, por exemplo. Dessa forma, será possível a participação de crianças com idade mínima de 7 anos e de pessoas com menos condição física. A primeira delas aconteceu em 31 de março, na trilha do Museu do Açude, com 30 participantes.
“Os trekkings que fizemos até agora foram na Região Serrana, com grau de dificuldade mais alto. Não são para pessoas sedentárias. Para 2019, o objetivo é outro”, disse.
O magistrado busca unir cada vez mais a categoria por meio do esporte que ama. “O objetivo é colocar o pessoal na montanha! Agora serão eventos na capital, mais próximos de todos, menos intensos, para permitir a adesão maior dos colegas de magistratura e suas famílias. Já montamos um grupo no WhatsApp, chamado ‘AMAERJ montanhas’, em que conversamos sobre o esporte”, contou Pietre.
Em suas jornadas pessoais, o juiz subiu “duas montanhas no Chile, no Deserto do Atacama”.
“Estive em uma altitude de mais de 5.500 metros. Senti o ar rarefeito, a uma temperatura de 5°C negativos, passei dificuldades, muita dor de cabeça. De todos os trekkings que fiz, o mais importante foi a escalada do Dedo de Deus, em Teresópolis. Nada supera essa emoção. Já subi duas vezes, em 2014 e 2016. Pretendo subir de novo em 2019”, contou.
“O Dedo de Deus é uma escalada linda, a montanha é muito bonita. Ela exige um preparo físico muito forte, é cheia de aventuras. É uma emoção diferente, insuperável”, relatou.