A presidente da AMAERJ e vice Institucional da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Renata Gil, falou sobre a presença feminina no Judiciário e na magistratura em entrevista ao jornal “O Globo”, publicada nesta segunda-feira (29). A reportagem mostra que as mulheres ganham até 23% menos que os homens nas três carreiras mais procuradas no Brasil: Direito, Medicina e Engenharia Civil.
Renata Gil lembrou que a maioria dos profissionais do Direito trabalha no setor privado, o que contribui para a desigualdade salarial. “Temos 1 milhão de advogados inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a maior parte em escritórios e empresas, e somente 18 mil juízes, funcionários públicos. No setor privado o problema é maior. A maioria das mulheres ocupa cargos inferiores e ganha menos que os homens na mesma função, diferentemente do setor público, onde os salários são equiparados”, explicou.
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A presidente da AMAERJ informou que as mulheres são 44% dos juízes substitutos, mas ocupam apenas 16% dos cargos nos tribunais superiores. Dos 11 ministros do STF, apenas duas são mulheres: Rosa Weber e Cármen Lúcia.
A desigualdade aumenta no Judiciário, segundo Renata Gil, por conta da dificuldade em conciliar vida pessoal e carreira e o sistema de indicações para cargos mais altos ser, geralmente, de homens.
A reportagem foi baseada em levantamento da consultoria iDados, mostrando que a desigualdade de gênero tem aumentado no Direito. As mulheres são maioria nas formaturas (57%) e já representam 49% desses profissionais no mercado. Mas o salário médio dos homens com a formação é 23% superior ao das mulheres, incluindo profissionais que atuam no Judiciário.
Essa diferença mais do que dobrou na última década. Em 2007, a vantagem masculina era de apenas 10%, mostra a pesquisa, que cruzou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE, da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e do Censo da Educação Superior.