Dois suspeitos dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foram presos na madrugada desta terça-feira (12). O policial militar reformado Ronnie Lessa, 48 anos, e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, 46, foram detidos em suas casas pela Operação Lume, deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado do Rio. A AMAERJ sempre confiou no trabalho dos policiais e promotores encarregados da elucidação do crime que chocou o Brasil e teve repercussão mundial.
Em 15 de março do ano passado, em seguida ao duplo homicídio, a AMAERJ divulgou uma nota de repúdio e cobrou das autoridades a identificação e prisão dos autores. “Para nós, magistrados, o caso remete à brutal morte da juíza do Rio de Janeiro Patrícia Acioli, assassinada em seu carro com 21 tiros, em Niterói, em 2011. Assim como Patrícia, a vereadora era uma incansável defensora dos Direitos Humanos e trabalhava de forma firme para trazer paz e igualdade à sociedade. O crime não pode calar aqueles que o combatem”, ressaltou a AMAERJ no documento.
Leia aqui a íntegra da nota de repúdio da AMAERJ.
As prisões foram autorizadas pelo juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).
Além dos mandados de prisão, os agentes cumprem 32 mandados de busca e apreensão nos endereços dos presos e de demais suspeitos de envolvimento no crime. Lessa e Queiroz foram denunciados por dois homicídios qualificados – de Marielle e Anderson – e pela tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora da vereadora que estava no carro no momento do ataque a tiros.
De acordo com as investigações, Lessa foi o autor dos disparos e Queiroz o motorista do carro usado pelos criminosos. Ainda segundo as apurações, o crime foi meticulosamente planejado durante três meses. Na denúncia, o Ministério Público afirma que Marielle foi sumariamente executada em razão de sua atuação política em prol das causas que defendia, e que o crime foi um golpe ao Estado Democrático de Direito.
Junto com os pedidos de prisão e de busca e apreensão, o Ministério Público solicitou à Justiça a suspensão do porte de arma de fogo e da remuneração recebida por Lessa na Polícia Militar. Também foi requisitada a indenização por danos morais aos familiares das vítimas e a fixação de pensão em favor do filho de Anderson até completar 24 anos de idade.
A operação que resultou nas prisões dos suspeitos recebeu o nome de Lume em referência à praça no Centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia um projeto chamado Lume Feminista. No local, ela costumava se reunir com defensores dos Direitos Humanos.
O crime completa um ano nesta quinta-feira (14). Marielle e Anderson foram assassinatos em uma emboscada, no bairro do Estácio, na Zona Norte do Rio.
O assassinato da vereadora, que denunciava abusos cometidos por policiais militares, aconteceu quando ela voltava de um evento, na noite de 14 de março do ano passado. Na Rua Joaquim Palhares (Estácio, região central), um veículo emparelhou com o carro dirigido por Anderson, onde estavam a vereadora e a assessora. Uma rajada de 13 tiros atingiu o carro. Marielle foi baleada quatro vezes na cabeça. O motorista levou três tiros nas costas.