As notícias sobre agressões e mortes mostram o cenário aflitivo em que vivem as mulheres no Brasil. Partindo do noticiário da imprensa nacional, pesquisa do jornal “Folha de S. Paulo” mostra que 71% das mulheres mortas ou sobreviventes foram atacadas pelo atual ou ex-companheiro. De cada quatro suspeitos, um tinha histórico de violência ou antecedentes criminais.
Veja aqui a matéria na íntegra. As estatísticas foram compiladas pela Folha a partir de levantamento do advogado Jefferson Nascimento, pesquisador da USP (Universidade de São Paulo). Além das notícias de crimes em 25 Estados, o jornal tabulou os dados disponíveis dos casos. São 119 mortes e 60 tentativas de feminicídio.
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O inconformismo com o fim do relacionamento aparece entre os motivos mais citados para a agressão (18%), logo atrás de brigas, ciúmes ou suposta traição (25%). A maior parte dos crimes, 47%, ocorreu na casa da vítima. A faca foi a arma mais usada (41%), seguida por armas de fogo (23%). Nos casos estudados, 74% dos crimes cometidos com armas de fogo resultaram em morte — contra 59% nos casos de agressões a facadas.
A mulher vitimada tem, em média, 33 anos. O agressor, 38 anos. Dos casos analisados pelo jornal, pelo menos 11 culminaram no suicídio do agressor. Em 15 deles, crianças presenciaram o crime.
Morte por fim de namoro
Um dos casos reportados foi o da professora Rosângela da Silva, de 32 anos. Ela foi surpreendida pelo ex-namorado em uma noite de janeiro. O empresário Alexandro Lautenschlager, 31, arrombara e invadira sua casa, inconformado com o fim da relação.
Rosângela registrou boletim de ocorrência por ameaça e conseguiu medida protetiva contra ele. Dias depois, desapareceu. Seu corpo apareceu à beira de um rio, no interior de Mato Grosso.
A professora é uma das 179 mulheres que, em janeiro deste ano, foram vítimas de feminicídio ou sobreviveram a uma tentativa de feminicídio noticiados no país. É uma média de seis crimes por dia.