Brasil | 08 de março de 2019 12:12

Aumenta o número de crimes virtuais contra mulheres

Foto: Arte de Lari Arantes/ O Globo

A violência contra a mulher não está somente no mundo físico. São corriqueiros os casos de perseguições e ofensas nos ambientes online. Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública com o Instituto Datafolha mostra que os casos aumentaram de 1,2% entre as 1.051 entrevistadas em 2017 para 8,2% das 1.092 mulheres que responderam ao questionário este ano. Os dados foram apresentados em reportagem especial, do Dia Internacional da Mulher, no jornal “O Globo”.

Leia aqui a reportagem completa. Para o levantamento, as mulheres foram questionadas sobre o tipo de local onde sofreram a violência mais grave nos últimos 12 meses. Em primeiro lugar, aparece a casa (42%); depois, a rua (29,1%); em seguida, lugar indefinido (9%); e a internet (8,2%).

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Um dos crimes que ocorrem na vida online, o estupro virtual passou a ser tipificado a partir de alteração de 2009 no Código Penal, que ampliou o conceito de estupro. O crime ocorre quando a vítima é coagida a produzir conteúdo sexual sob ameaça de divulgação de fotos e vídeos

Segundo Cristina Neme, consultora de projetos do Fórum e uma das responsáveis pela pesquisa, o uso das ferramentas online para praticar os crimes virtuais tem aumentado. “Se antes não tínhamos tantas interações neste ambiente, agora temos. O crescimento desse espaço virtual como espaço de interação vai reproduzir a vulnerabilidade da mulher à violência como ocorre no espaço público”, avalia ela.

A titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias, Fernanda Fernandes, diz que o aumento no número de casos de violência virtual que chega à polícia é significativo. Entre as ocorrências mais comuns estão o estupro virtual e denúncias de pornografia de vingança, quando o agressor divulga vídeos íntimos das vítimas.

“Depois de alterações na lei no ano passado, tipificando por exemplo a pornografia de vingança, os casos começaram a aparecer. (…) A violência doméstica acontece entre quatro paredes e muitas vezes não tínhamos provas, com a internet é importante que as vítimas façam prints desses conteúdos e guardem esses registros”, afirma a delegada.