*Editorial Folha de S.Paulo
Na manhã de quinta-feira (25), a milícia do Rio de Janeiro foi alvo de mandados de prisão e de busca e apreensão contra membros do grupo chefiado por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho — considerado o maior do estado, com atuação na zona oeste da capital e na Baixada Fluminense.
Cerca de 120 agentes participaram da operação liderada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e pela Polícia Federal. É incomum que ações deste porte sejam direcionadas contra grupos milicianos, e a arma seja a inteligência policial.
Ao menos oito pessoas foram presas, em meio a 23 mandados de prisão temporária expedidos pela vara fluminense especializada em combate ao crime organizado. Entre elas está Geovane da Silva Mota, o GG, segundo na hierarquia do grupo de Zinho. Mota estava num hotel de luxo em Gramado (RS); o líder não foi encontrado.
Mais importante é a possibilidade de essas detenções contribuírem para que sejam detalhados a estrutura e o modo de operação dos milicianos. Segundo os responsáveis pela apuração, a organização pratica “matança generalizada” de seus opositores, mantendo um setor de inteligência com os dados pessoais de seus alvos.
Desde que o irmão de Zinho, Wellington da Silva Braga, o Ecko, foi morto pela polícia, o conflito entre milicianos se intensificou no Rio. O grupo rival é liderado por Danilo Dias Lima, o Tandera, que tem sido objeto de operações mais frequentes da Polícia Civil fluminense.
Em 20 de agosto, quatro suspeitos de serem milicianos foram mortes em Nova Iguaçu. Na terça (23), policiais apreenderam um veículo atribuído à mesma organização.
O desmantelamento dessas redes também passa por investigar os laços de corrupção que sustentam a milícia dentro das próprias polícias, bem como bloquear as fontes de recursos ilegais.
Operações com base em inteligência tendem a ser mais bem-sucedidas nessa tarefa do que ações espetaculosas que não raro terminam com a morte de inocentes.
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