As relações entre o Poder Judiciário e a imprensa foram debatidas em mesa no seminário “A magistratura que queremos”, promovido nesta segunda-feira (17) pela EMERJ. Houve discussões sobre as formas de comunicação entre juízes e jornalistas e a política de comunicação do Judiciário com a sociedade. O jornalista Heraldo Pereira, da TV Globo, disse que Judiciário e mídia representam “dois mundos”.
Pereira foi um dos convidados, assim como a jornalista Carolina Brígido, do jornal “O Globo”.
“Usamos outra linguagem, informal. O Direito tem sua linguagem. Acho fundamental que os tribunais tenham assessoramento que possa ajudar nesta intermediação, que atendam os jornalistas e magistrados para o bem de uma comunicação com a sociedade. O Direito é difícil na linguagem e no tempo”, afirmou Pereira, para quem “jornalista não é da área de Direito e tem compromisso com a opinião. Não tem compromisso com o Poder Judiciário”.
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“Os magistrados têm dificuldade em compreender. Quem tem compromisso com a bandeira do Poder Judiciário são os integrantes do Poder Judiciário”, concluiu ele.
Para Carolina Brígido, “a Escola da Magistratura estar preocupada com nossa relação com os magistrados muda muitos paradigmas”. “As pessoas não queriam saber do Judiciário. Essa comunicação não é ruim para o juiz. Ele é um servidor público que, em uma decisão, beneficiou parte da sociedade. A imprensa é o canal de comunicação. A gente está ali pra traduzir o Judiciário”, disse a jornalista.
Coordenador da mesa, o ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), apresentou os dados da pesquisa preparada pelos sociólogos Luiz Werneck Vianna, Marcelo Burgos e Maria Alice Rezende, da PUC-Rio. Salomão coordenou a pesquisa “Quem somos. A magistratura que queremos”, cujos resultados foram apresentados neste semestre.
“Abordamos na pesquisa a relação entre Judiciário e mídia. Perguntas e eixos foram formulados pelos sociólogos, e a magistratura responde, em certa medida, com respostas contraditórias. Valorizando a divulgação do resultado dos trabalhos, mas se preocupando com a divulgação, na mídia, com uma percepção um tanto injusta na quantidade de trabalho e ao resultado de processos”, disse Salomão.