Brasileiro sonhador, apaixonado pela arte e defensor dos direitos humanos, Candido Portinari fez quadros que retratam uma realidade que parece atemporal. A vida e a obra do artista plástico, considerado o pintor brasileiro de maior projeção internacional, foi tema da palestra “Candido Portinari: Do Cafezal à ONU”, no 2º Encontro Estadual de Magistrados.
“A obra de Portinari não nos propõe formas, linhas e cores, é profundamente comprometida com o humano, o social, com valores de justiça, fraternidade, espírito comunitário e respeito à vida, tudo o que precisamos, principalmente nesse mundo tão convulsionado que vivemos atualmente. ‘Guerra e Paz’ é uma pintura mais atual do que nunca”, disse João Candido Portinari, único filho do artista.
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Filho de imigrantes italianos, Candido Portinari nasceu em Brodowski, interior de São Paulo, em 1903. Portinari pintou quase cinco mil obras de pequenos esboços e pinturas de proporções padrão, como ‘O Lavrador de Café’, até gigantescos murais, como os painéis Guerra e Paz, que foram presenteados em 1956 à sede da ONU de Nova Iorque. Ele morreu no Rio de Janeiro aos 58 anos, em 1962.
“Ele pintou cerca de uma obra a cada três dias durante 40 anos. Lembro de ter perguntado para a minha mãe, quando criança, porque ele não trabalhava, já que só pintava. Ele tinha uma paixão pela arte. Passou quatro anos fazendo os estudos de ‘Guerra e Paz’ e, em nove meses, pintou a obra. Ele realmente pariu dois filhos de 14 metros de altura”, contou João Candido.
O filho de Portinari também destacou a atuação política do pai durante toda a vida em prol da paz. João Candido ainda falou sobre o trabalho de recuperação das obras pelo ‘Projeto Portinari’. “Nos primeiros 25 anos do projeto, fizemos um trabalho de formiguinha. Percorremos o Brasil todo e outros 20 países. Encontramos obras na Eslováquia, na Finlândia, no Canadá, na África do Sul, em Israel e no Haiti. O trabalho resultou em um catálogo completo das obras dele.”
A apresentação de João Candido no Encontro da AMAERJ foi uma ideia do desembargador Luís Gustavo Grandinetti. “As obras de Portinari me tocam muito”, disse. Para o desembargador Cesar Cury, o pintor foi um visionário.
A presidente da AMAERJ, Renata Gil, agradeceu a oportunidade de conhecer mais a história do artista. “Fiquei emocionada com tudo o que vi. Se pudesse resumir a obra de Portinari em uma palavra seria ‘entusiasmo’. Os gregos diziam que entusiasmo é a inspiração divina, e Portinari realmente tinha essa inspiração. A cultura é um retrato da realidade. Saio com o compromisso de participar da divulgação do Projeto Portinari.”