AMAERJ | 11 de novembro de 2017 10:22

‘A Lava-Jato é a nossa revolução sem armas, conduzida pelo Judiciário brasileiro’, diz Rodrigo Pimentel

O ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais, da Polícia Militar) Rodrigo Pimentel fez a palestra de abertura, na noite desta sexta-feira (10), do 2º Encontro Estadual de Magistrados. Roteirista do “Tropa de Elite”, ele falou sobre os bastidores do filme, do Bope e o atual momento da segurança pública. Pimentel também destacou a Operação Lava-Jato, tema de série que produzirá para a Netflix.

“A Lava-Jato é a nossa revolução silenciosa, sem armas, conduzida hoje pelo Judiciário brasileiro. Tenho muita honra em estar neste Encontro porque quem vai salvar o Brasil são vocês, os juízes. A minha ideia e a do José Padilha (diretor) é resgatar os heróis por trás da Lava-Jato. Todos são funcionários públicos concursados – juízes de 1ª instância, procuradores, um promotor e delegados – em um ambiente totalmente despolitizado. A Lava-Jato é uma equipe de 80 pessoas abnegadas, corajosas e comprometidas com o combate à corrupção.”

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A série “O Mecanismo”, que vai estrear em março de 2018, abordará o começo da operação. “Vamos mostrar a origem da Lava-Jato, na época do Banestado. Nosso protagonista será o ator Selton Mello, ele faz o papel de um delegado federal chamado Gerson Machado, que prendeu o Alberto Youssef. Gerson insistia na ideia de combater o doleiro e a Polícia Federal achava isso besteira. Ele provou que, ao combater o doleiro, também combatia o narcotráfico porque o dinheiro não saía do Brasil. E, assim, o Youssef foi para a delação e começou a Lava-Jato”, disse.

Rodrigo Pimentel foi o responsável por fazer o roteiro dos filmes “Tropa de Elite 1 e 2”, que foram assistidos por mais de 15 milhões de pessoas – recorde nos cinemas brasileiros.

“Saí da Polícia em 2001 e escrevi 70 histórias reais sobre o Bope, que colocamos no filme. Mostramos que ou você se corrompe, ou se omite ou vai para a guerra. E ser caveira é achar que sempre podemos fazer, é ter a capacidade de superar desafios, inteligência para influenciar a equipe e saber que o seu interesse é o interesse da equipe.”

3.500 policiais mortos em 20 anos

Rodrigo Pimentel falou sobre atual momento da segurança pública do Rio de Janeiro e lamentou a morte de 118 policiais neste ano. “É a cidade em que mais morreram policiais no mundo. Desde 1997, foram 3.500 policiais mortos e 14 mil feridos. É um número muito parecido com o de militares americanos mortos em guerra”, afirmou.

Para Pimentel, o problema da favela da Rocinha não é policiamento. “Nem se colocarmos 10 mil policiais na Rocinha resolverá o problema. É preciso um trabalho de reurbanização para abrir as ruas. Os becos são tão escuros que não há Polícia no mundo que consiga rodar ali. A solução da Rocinha é um projeto de urbanismo.”

No fim da palestra, a presidente da AMAERJ, Renata Gil, destacou o trabalho do Judiciário fluminense contra a criminalidade. “No Rio, existem profissionais sérios – juízes, policiais, promotores – que lutam pela população. Os nossos juízes criminais são tão bem preparados que somos os mais ameaçados do País. Sabemos a realidade do crime no Rio de Janeiro e trabalhamos de forma firme contra os criminosos”, disse Renata Gil.

Ela agradeceu a presença dos associados e de Rodrigo Pimentel, que destinou todo o cachê da palestra para as obras do Bope. “É uma grande oportunidade conhecermos de perto o trabalho da Polícia, especialmente nesse momento que o Rio de Janeiro vive. O Rodrigo nos traz essa experiência e vivência.”