A cibersegurança de usuários comuns do WhatsApp está ameaçada com os golpes praticados por estelionatários. Até julho de 2020, a clonagem do aplicativo de mensagens atingiu a 3 milhões de usuários no Brasil, segundo levantamento da PSafe, laboratório de segurança digital. Somente em julho, houve 340 mil vítimas no país. O delegado Pablo Sartori, chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil do Rio, explica como o crime acontece pelo app e como se proteger.
Aplicação do golpe
O delegado conta que os criminosos agem de forma indiscriminada e não escolhem um perfil de vítima. O delito ocorre de modos diferentes. A mais comum é quando se usa qualquer subterfúgio ou história falsa para convencer a vítima a repassar o código de instalação de seu WhatsApp. Na sequência, “o criminoso instala o WhatsApp da vítima no aparelho dele. De posse do aplicativo da vítima, passa uma mensagem padrão para todos os contatos pedindo dinheiro. Se conseguir 5% do que pediu, já tem sucesso”.
Outro jeito, que ocorre em menor escala, é quando o criminoso obtém os dados das vítimas em qualquer plataforma paga de dados pessoais. Em poder do número de celular, copia a foto do WhatsApp e coloca em outro número. Quando entra em contato com as vítimas, diz que trocou de telefone e aplica o golpe. “Neste caso, a pessoa que tem a foto utilizada nem sabe que algo está acontecendo. Este tipo atinge as pessoas próximas”, afirma o delegado, que completa: “As vítimas recebem mensagem de um número desconhecido, com a foto de uma pessoa que conhecem, mas não checam. Não veem se o telefone antigo está desativado, não tentam ligar para ver se a voz é mesmo da pessoa”.
Em sua experiência, Sartori observou que esta modalidade de crime ultrapassou as barreiras estaduais. A maioria dos casos se origina em São Paulo, para onde as investigações são enviadas.
Como se prevenir
A melhor forma de evitar cair no golpe de estelionatários é ter mais atenção. Sartori explica que, com a correria do dia a dia, detalhes essenciais passam despercebidos – como o SMS enviado pelo aplicativo, que afirma que não se deve passar o código para terceiros.
“Antes de entregar o código ao criminoso, ele recebeu a confirmação do próprio WhatsApp. É como se o próprio dono tivesse adquirido um novo aparelho e está instalando o aplicativo. Então, a empresa também demora a bloquear depois de ser comunicada”, afirma.
Segundo o delegado, a plataforma demora cerca de 24 horas para bloquear o número e até uma semana para devolver o acesso do aplicativo ao proprietário.
Sofri ou identifiquei um golpe. Como agir?
– Não repasse códigos a ninguém. Nenhum aplicativo ou anúncio pede código.
– Antes de passar, leia a mensagem do código. Caso peça para não enviar a terceiros, é o sinal de que aquilo é algo vital.
– Uma vez que o fato aconteceu: para retomar controle do WhatsApp, entre em contato com os canais de atendimento.
– Quem foi vítima de estelionato, deve imprimir a mensagem falsa que recebeu e o comprovante de transferência e registrar a ocorrência na delegacia.
– Se recebeu a mensagem e percebeu que pode ser criminosa, imprima e vá à delegacia mais próxima para registrar.
“Nessa questão do WhatsApp, parece simplista, mas as pessoas devem ter cuidado com seus dispositivos. As pessoas devem entender que a internet está dentro da sua privacidade tanto ou mais que sua própria casa. Códigos, logins, senhas, devem ser guardados em segredo absoluto. Caso contrário, a pessoa ficará exposta”, alerta o delegado Sartori.
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