Famílias e instituições que atuam em defesa da adoção participaram, neste domingo (20), de uma caminhada na orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio. Diretor de Direitos Humanos e Proteção Integral da AMAERJ, o juiz Sergio Ribeiro levou para o ato crianças e adolescentes que vivem em abrigos e estão à espera de uma família. “É preciso desmistificar a adoção, principalmente o grupo das adoções necessárias. A caminhada traz visibilidade”, disse.
Sergio Ribeiro também é presidente da Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas de Infância e Juventude e Idoso do TJ-RJ. Para ele, o Judiciário deve dispor de políticas que estimulem a adoção. O juiz citou as iniciativas da AMAERJ e do TJ-RJ, como o ‘Ideal é Real’, que incentiva a adoção de crianças mais velhas; e o ‘Entregar é Proteger’, que permite às mães de recém-nascidos entregarem os filhos para adoção nas varas de família.
“Temos cerca de cinco mil crianças e adolescentes aptos a adoção no Brasil, mas o perfil não bate com aquele pensado pela maioria dos habilitados. É preciso promover o encontro desses habilitados com crianças e adolescentes para possibilitar a mudança de perfil. Devemos observar que há crianças mais velhas, a partir dos oito anos de idade, adolescentes, com problemas de saúde e grupos de irmãos que estão à espera de uma família”, afirmou.
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Um dos exemplos dessa mudança de perfil é Eliane Rezende e a companheira, Danielle. As duas adotaram as três irmãs: Maria Eduarda (7), Raquel (11) e Thainara (14). O esforço para cuidar do trio é grande, mas nada tira o entusiasmo das cinco. “Muda tudo, a rotina alterou completamente, cuidar das três nem sempre é fácil. Mas vale, vale muito a pena”, disse Eliane.
Quando Ney Pereira e Deise adotaram Laura há seis anos, os tempos eram de maior preconceito. De lá pra cá, ele acredita que a sociedade está mais aberta e encara a adoção – seja ela como for – com mais naturalidade.
“Hoje percebo que há uma rede de apoio à adoção que cruza os estados. No meu tempo foi mais difícil, alguns não entendiam bem porque eu estava adotando a Laura. Na verdade, não perceberam que era ela que estava nos adotando, transbordando carinho e amor”.
Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, há hoje 4.945 crianças e adolescentes aptas à adoção para 43.565 pretendentes cadastrados. Ainda assim, muitos ficam sem uma família. No entanto, a diretora da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, Silvana do Monte Moreira, diz que já se percebe o aumento de famílias que adotam irmãos ou crianças com HIV.
“São atitudes que estão sendo ampliadas para perfis antes ignorados”, afirmou.
Sergio Ribeiro também ressaltou que já é possível perceber algumas mudanças. “Em visitas a abrigos, promovidas pelo Judiciário, um casal adotou uma criança com microcefalia ao vê-la e, em outra, uma família que não queria adoção tardia optou por um adolescente.”
Com balões, camisas e faixas – todas incentivando a adoção – as pessoas compartilhavam suas experiências, vitórias e desafios. Em todas, o sorriso pelas novas famílias que se formam e o desafio de conscientizar a sociedade, de que adotar como gesto de amor de que há milhares de crianças à espera de uma família, de que todas as formas de família devem ser respeitadas.
Assista aqui à reportagem da GloboNews sobre a caminhada.
Fonte: TJ-RJ e O Globo