AMAERJ | 13 de novembro de 2017 11:54

‘Guerra e Paz é uma pintura mais atual do que nunca’, diz filho de Portinari

Brasileiro sonhador, apaixonado pela arte e defensor dos direitos humanos, Candido Portinari fez quadros que retratam uma realidade que parece atemporal. A vida e a obra do artista plástico, considerado o pintor brasileiro de maior projeção internacional, foi tema da palestra “Candido Portinari: Do Cafezal à ONU”, no 2º Encontro Estadual de Magistrados.

“A obra de Portinari não nos propõe formas, linhas e cores, é profundamente comprometida com o humano, o social, com valores de justiça, fraternidade, espírito comunitário e respeito à vida, tudo o que precisamos, principalmente nesse mundo tão convulsionado que vivemos atualmente. ‘Guerra e Paz’ é uma pintura mais atual do que nunca”, disse João Candido Portinari, único filho do artista.

Leia também: ‘A Lava-Jato é a nossa revolução sem armas, conduzida pelo Judiciário brasileiro’, diz Rodrigo Pimentel

Desembargadora Elisabete Filizzola comemora aniversário no Encontro da AMAERJ

Desembargador Gilberto Matos conquista AMAERJ Tennis Open pela segunda vez

Filho de imigrantes italianos, Candido Portinari nasceu em Brodowski, interior de São Paulo, em 1903. Portinari pintou quase cinco mil obras de pequenos esboços e pinturas de proporções padrão, como ‘O Lavrador de Café’, até gigantescos murais, como os painéis Guerra e Paz, que foram presenteados em 1956 à sede da ONU de Nova Iorque. Ele morreu no Rio de Janeiro aos 58 anos, em 1962.

Painéis Guerra e Paz

“Ele pintou cerca de uma obra a cada três dias durante 40 anos. Lembro de ter perguntado para a minha mãe, quando criança, porque ele não trabalhava, já que só pintava. Ele tinha uma paixão pela arte. Passou quatro anos fazendo os estudos de ‘Guerra e Paz’ e, em nove meses, pintou a obra. Ele realmente pariu dois filhos de 14 metros de altura”, contou João Candido.

O filho de Portinari também destacou a atuação política do pai durante toda a vida em prol da paz. João Candido ainda falou sobre o trabalho de recuperação das obras pelo ‘Projeto Portinari’. “Nos primeiros 25 anos do projeto, fizemos um trabalho de formiguinha. Percorremos o Brasil todo e outros 20 países. Encontramos obras na Eslováquia, na Finlândia, no Canadá, na África do Sul, em Israel e no Haiti. O trabalho resultou em um catálogo completo das obras dele.”

A apresentação de João Candido no Encontro da AMAERJ foi uma ideia do desembargador Luís Gustavo Grandinetti. “As obras de Portinari me tocam muito”, disse. Para o desembargador Cesar Cury, o pintor foi um visionário.

A presidente da AMAERJ, Renata Gil, agradeceu a oportunidade de conhecer mais a história do artista. “Fiquei emocionada com tudo o que vi. Se pudesse resumir a obra de Portinari em uma palavra seria ‘entusiasmo’. Os gregos diziam que entusiasmo é a inspiração divina, e Portinari realmente tinha essa inspiração. A cultura é um retrato da realidade. Saio com o compromisso de participar da divulgação do Projeto Portinari.”