Judiciário na Mídia Hoje | 15 de outubro de 2021 15:39

Ronnie Lessa e a esposa têm novas prisões decretadas por lavagem de dinheiro

*G1

Ronnie Lessa, ex-PM acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes, e sua esposa, Elaine Pereira Figueiredo Lessa, tiveram novas prisões decretadas nesta quinta-feira (14) pelo crime de lavagem de dinheiro. Os mandados de prisão preventiva foram expedidos pela 1ª Vara Especializada da Capital, atendendo pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro.

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O Inquérito Policial que deu origem à denúncia do GAECO/MPRJ foi instaurado pela DH da Capital e enviado ao Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD), a partir dos indícios colhidos na investigação que apurou o envolvimento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz como executores dos homicídios da vereadora do Rio e de seu motorista, em 14 de março de 2018. Por este crime, o ex-PM encontra-se atualmente recolhido à Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande/MS.

“No bojo das investigações dos homicídios, foram produzidos elementos que indicavam a incompatibilidade entre a renda declarada por Ronnie e o padrão de vida ostentado por ele e sua família, o que justificou a instauração do IP visando à apuração de eventuais atos de lavagem de dinheiro, suspeita confirmada nas investigações, que indicaram a ocultação de valores e bens por meio do uso de ‘laranjas’, diz o MP.

A partir da autorizada quebra do sigilo bancário e fiscal, foi identificado que, apesar de apresentar renda mensal média de R$ 7.095,05, Ronnie Lessa movimentou, entre 2014 e 2019, quantia milionária em suas contas bancárias, a maior parcela advinda de depósitos em espécie, de origem não identificada.

“No citado período, o denunciado recebeu em suas contas créditos que somam R$ 2.837.566,83 e de R$ 2.891.446,57, resultando na movimentação total de R$ 5.729.013,40, apesar da renda declarada de Ronnie para o período, na condição de reformado da PMERJ, ser de R$ 416.226,17. A situação se agrava pelo fato de que o ex-PM não movimentava recursos apenas em suas contas, mas também em contas abertas em nome de ‘laranjas’, incluindo os demais denunciados”, disse o Ministério Público.

Ainda segundo o órgão, colaboravam com o esquema, e por isso foram igualmente denunciados, Denis Lessa (irmão de Ronnie, declarado primeiro proprietário na compra de uma casa), Alexandre Motta de Souza (amigo, que teria sido usado como “laranja” na compra de uma lancha e na realização e movimentações bancárias) e Elaine (que teria sido “laranja” na documentação de um veículo Jeep Renegade e que também encontra-se presa).

Segundo o MP, a “incompatível evolução patrimonial apresentada por Ronnie Lessa” fica evidenciada em bens adquiridos pelo ex-PM através de laranjas, como:

  • Imóvel na Barra da Tijuca, avaliado em R$ 1,25 milhão;
  • Terreno no condomínio Porto Galo, em Angra dos Reis, avaliado em R$ 500 mil;
  • Terreno em Mangaratiba, avaliado em R$ 300 mil;
  • Lancha Real 330 Special Edition, avaliada em R$ 450 mil;
  • Carro Jeep/Renegade Sport AT, avaliado em R$ 70 mil.

A denúncia oferecida pelo GAECO/MPRJ aponta que “houve dissimulação em transações imobiliárias, com a declaração de valores menores na compra de um imóvel na Barra da Tijuca, de forma a ocultar a origem suspeita de seus recursos e não despertar a atenção dos órgãos de fiscalização”.

A evolução patrimonial de Ronnie, segundo o PM, tem como origem “a prática de ações delituosas, tais como homicídios encomendados por terceiros, comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito e participação em organizações criminosas voltadas à exploração de jogos de azar”.