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O policial militar Thiago Resende Viana Barbosa, que participou da ação que terminou com a morte de cinco jovens em Costa Barros, na zona norte do Rio, em 2015, foi condenado a 52 anos e 6 meses de prisão por cinco homicídios duplamente qualificados. O julgamento do PM durou mais de 10 horas e a sentença foi anunciada na madrugada de hoje. Ele também foi condenado à perda de cargo público.
O crime ocorreu em 28 novembro de 2015 e ficou conhecido como a Chacina de Costa Barros. Os cinco jovens, com idades entre 16 e 25 anos, voltavam de uma comemoração quando o carro onde estavam foi alvo de disparos. O grupo comemorava o primeiro emprego de Roberto de Souza Penha, 15, que seria jovem aprendiz no Atacadão de Guadalupe, também na zona norte.
O carro deles foi alvo de mais de 100 disparos e alguns tiros atingiram as vítimas pelas costas.
Outros três homens já foram julgados pelo caso. No ano passado, o sargento Márcio Darcy dos Santos e o soldado Antônio Carlos Gonçalves Filho também foram condenados à mesma pena. Os dois estão no presídio da Polícia Militar em Niterói, na região metropolitana no Rio. Antonio ainda foi condenado a oito meses e cinco dias de detenção por fraude processual. Já Fábio Pizza Oliveira da Silva foi absolvido.
Provas plantadas, dizem testemunhas
A sentença de Thiago é do 2º Tribunal do Júri da Capital e foi presidido pelo juiz Daniel Cotta.
No julgamento, foram ouvidas cinco testemunhas. A primeira foi um dos dois jovens sobreviventes, que depôs na condição de vítima. Como é surdo, o testemunho ocorreu através de um intérprete de libras. Ele e um amigo acompanhavam de moto o carro onde estavam os cinco rapazes e conseguiram escapar dos tiros. A testemunha afirmou ter visto o carro ser alvejado pelos policiais.
A segunda testemunha, irmã de uma das vítimas, contou que ela e sua mãe foram ao local do crime assim que souberam do ocorrido, mas foram impedidas pelos policiais de chegar perto do carro onde estavam os corpos. A mulher disse, ainda, que sua mãe viu quando uma arma de brinquedo foi colocada perto de uma das rodas dianteiras do veículo por um dos PMs.
O pai de um dos jovens também foi ouvido como testemunha. Ele disse ter chegado logo após os disparos e ter visto tanto a arma de brinquedo já mencionada, como uma luva com sangue jogada na parte traseira do veículo.
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Policiais foram recebidos a tiros, diz defesa
O quarto depoimento foi do major da PM Daniel de Moura, que contou que, na época dos fatos, era o comandante da companhia e que a versão que chegou até ele – e que continua sendo sustentada pela defesa – foi a de que o motorista de um caminhão de cervejas estava sendo feito refém e que, ao chegarem ao local, os policiais teriam sido recebidos a tiros pelos ocupantes do carro, tendo, então, revidado.
O último a depor foi o perito Cristiano Magalhães, contratado pela defesa de Thiago. Ele afirmou ter concluído que os disparos que atingiram o carro e mataram os cinco rapazes partiram de cima de um viaduto que fica perto do local e não das armas dos policiais.
Os cinco mortos na chacina são: Wilton Esteves Domingos Júnior, Roberto de Souza Penha, Carlos Eduardo da Silva de Sousa, Wesley Castro Rodrigues e Cleiton Correa de Souza.
O UOL não conseguiu contato com a defesa de Thiago.