AMAERJ | 14 de julho de 2017 17:46

Revista FÓRUM: Um sopro de esperança

Decisão de juiz Marvin Moreira ajuda a salvar adolescente que luta contra o câncer

POR PEDRO MARQUES

Estima-se que a cada ano no Brasil surjam mais de 10 mil novos casos de câncer em crianças e adolescentes. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e do Ministério da Saúde, a doença é a que mais mata jovens no país, com 12% dos óbitos entre 1 e 14 anos e 8% de 1 a 19 anos. Porém nas últimas quatro décadas, o progresso nos tratamentos tem sido significativo. Se o câncer for diagnosticado precocemente, o percentual de cura chega a 64%.

A luta pela vida de um adolescente de Resende (RJ) vem comovendo todos desde o início de 2017. Em um exame de rotina feito em janeiro, Matheus Marques, 14 anos, descobriu que sofria de uma doença chamada Leucemia Mieloide Aguda, um tipo de câncer que ataca o sangue e a medula óssea.

Uma página foi criada no Facebook para informar sobre o estado de saúde do menino e arrecadar fundos. Com a hashtag “Força Matheus”, personalidades do mundo artístico e esportivo, como o apresentador de TV Luciano Huck e o jogador de futebol Alexandre Pato, abraçaram a causa e enviaram vídeos motivacionais, dando apoio e desejando força ao garoto.

Com sessões de quimioterapia e radioterapia, o tratamento começou assim que a doença foi diagnosticada. A resposta não foi satisfatória, e os médicos chegaram à conclusão de que a única chance de sobrevivência do menino seria um transplante de medula óssea.

Achar um doador compatível é muito difícil. Um em cada cem mil. No entanto o doador estava dentro de casa. Após exames de compatibilidade feitos pela Unicamp, descobriu-se que Gabriel, 12 anos e irmão mais novo de Matheus, era um doador perfeito.

Porém o transplante só poderia ser feito por determinação judicial. A lei 9434/97 (que trata de doação de órgãos) diz que o doador menor de 18 anos precisa ter autorização dos pais e da Justiça. Em 1º de junho, a aguardada ordem aconteceu.

O juiz Marvin Moreira (1ª Vara Cível de Resende e presidente da AMAERJ Volta Redonda) autorizou o procedimento. “Essa decisão nos trouxe fé e confiança”, revelou Rosanei Rezende, mãe de Matheus.

O trabalho célere da Justiça em casos como este é decisivo, porque a doença é muito agressiva, e o tempo é primordial. “Todo magistrado deve lembrar de que por trás do papel existe uma vida. É um caso muito difícil, tenho uma filha da mesma idade. Fiquei muito feliz em poder ajudar, imagino o sofrimento que a família vem passando”, disse Marvin.

Três dias após a autorização concedida pelo Judiciário, Matheus Marques foi transferido para o Hospital Samaritano, em São Paulo (SP), onde passou pelo transplante de medula óssea em 13 de junho. “Ele está tolerando [a nova medula] e reagindo muito bem, tomando antibiótico. A febre passou, mas ainda inspira cuidados. Ele vai se recuperar”, afirmou Adriana Seber, médica responsável pelo transplante.

Com a imunidade ainda muito baixa, Matheus ficou internado em uma ala isolada do hospital para evitar qualquer risco de infecção. Ele ficaria em observação por 15 dias para os médicos monitorarem a resposta do transplante. Esse é o prazo para a medula passar a produzir glóblos de defesa (leucócitos) após entrar no sangue do paciente.

“Estou ficando bem, a cada dia minha imunidade aumenta. Agradeço muito pelas orações de todos. Também quero dizer que amo muito meu irmão. Logo, logo estarei de volta. Estou superfeliz e alegre”, agradeceu Matheus, em vídeo em sua página no Facebook.

Leia aqui a íntegra da revista Fórum.