Presidente eleito do TJ diz cumprir ‘missão’
Por Diego Carvalho e Sergio Torres
Fórum: Por que o sr. concorreu à presidência?
Ricardo Rodrigues Cardozo: Trata-se de pretensão antiga. Desde que entrei para a Magistratura tive a certeza de que este momento chegaria. Sempre pensei no Poder Judiciário como uma missão. Ao longo de 34 anos de carreira, preparei-me. Sempre estive pronto para qualquer desafio. Revisitei o 1º grau quando presidi a Comaq. Depois, tratei do aprimoramento do magistrado quando fui diretor-geral da EMERJ. À frente da Corregedoria-Geral, procurei entender as agruras do juiz. Não é uma aventura e um final de carreira. Busco realizar os desafios em prol de uma Justiça melhor e mais eficiente.
Fórum: Quais os desafios do próximo biênio?
Cardozo: O primeiro refere-se à reforma administrativa. Fruto da minha experiência, verifiquei que o TJ não está preparado e aparelhado convenientemente para o mundo digital e virtual. Ainda se pensa como se estivéssemos em um mundo analógico. Daí a estrutura administrativa pesada, carregada, burocratizada. Isso precisa mudar. O segundo grande desafio é a informática, que precisamos modernizar para tirar proveitos que tornem a prestação jurisdicional mais rápida e eficiente. Justiça seja feita à atual administração, que deu início ao processo de renovação digital. É preciso dar continuidade e o farei.
Fórum: Quais suas principais propostas?
Cardozo: Apresentei a desembargadores e a juízes um plano de gestão. Destaquei, minuciosamente, projetos que pretendo alavancar. Dividi em três áreas: institucional, administrativa e tecnológica. Em cada elenquei projetos e objetivos. Quero dar continuidade a todas as conquistas da atual administração, especialmente no plano financeiro. Pretendo, na área administrativa, proceder a reforma de que falei anteriormente. Desejo que a carreira ande, nunca fique parada, especialmente agora, quando há a entrância única. Dialogarei com a AMAERJ, quero saber as pretensões e, se possível, atendê-las. Na área tecnológica, o objetivo é investir maciçamente, explorar ecossistemas e plataformas digitais. A área de TI merecerá especial atenção principalmente ante ao grande volume de dados disponíveis, que demandam o devido tratamento para que deles se extraia conhecimento, tornando a informação acessível ao magistrado e servidor como meio de melhora e facilitação do desempenho funcional.
Fórum: Como melhorar as condições de trabalho dos magistrados?
Cardozo: Foi muito bom ter passado pela Comaq, pela EMERJ e pela Corregedoria porque pude sentir as necessidades da Magistratura. Também me foi proporcionada a oportunidade de conhecer a estrutura do TJ. O 1º grau é a porta de entrada das demandas. Tem que estar muito bem aparelhado. Além da modernização pela informática, há meios para facilitar o trabalho do juiz, como mediação, conciliação e inteligência artificial. A todos priorizarei. Há o problema quase crônico da falta de servidores. Embora recentemente tenha havido concurso, o fato é que em razão do aspecto financeiro, orçamentário e, talvez o mais importante, da recuperação fiscal do Estado, há limites para nomeações. Temos que ser realistas! Mas há formas de minimizar o problema. O importante é que estou ciente do problema e quero resolvê-lo ou minorá-lo. No que toca ao 2º grau, ao contrário do que muitos pensam, há uma carga de trabalho enorme para os desembargadores. A distribuição aumenta a cada mês. Há formas de amenizar o problema. Acredito muito nos programas de inteligência artificial, que poderão identificar recursos e fornecer soluções. Utilizarei a Esaj como instrumento de capacitação e treinamento dos servidores, com olhar dirigido a ambas as instâncias.
Fórum: Que mensagem mandaria aos magistrados?
Cardozo: Quando chegamos à desembargadoria, aos poucos e sem sentir, nos afastamos do 1º grau. Não é de propósito. A vida nos empurra para isto. A Comaq, a EMERJ e a Corregedoria propiciaram minha reaproximação. Pude sentir as angústias e o comprometimento dos juízes com o trabalho e os desafios que lhes são colocados. O mesmo em relação aos desembargadores, que se dedicam ao trabalho muitas vezes com esforço quase desumano. Portanto, a todos tributo minha admiração e deixo registrado o compromisso de administrar para todos, nisso incluindo os servidores. Fá-lo-ei com dedicação e independência, defendendo e lutando pelos direitos e prerrogativas da Magistratura fluminense.