POR PEDRO MARQUES
Concurso para magistratura bateu o recorde de inscritos, com 7972 candidatos
Apesar dos desafios e ataques enfrentados pela categoria desde 2016, jovens vocacionados continuam a sonhar em ingressar na magistratura no Brasil. O 47º Concurso para Ingresso na Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, de 2016, bateu o recorde de inscritos, com 7972 candidatos, 443 por vaga. Os concorrentes passaram por cinco etapas, em uma longa e árdua trajetória, de fevereiro a dezembro. Ao final da jornada, apenas os 18 abaixo, na foto, foram aprovados.
Os novos juízes têm, em média, 30 anos, representam quatro das cinco regiões do Brasil e vêm de oito estados diferentes: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Rondônia e Distrito Federal. Há o mesmo número de mulheres e homens entre os aprovados, fato que mantém o Judiciário Fluminense bem à frente da média nacional. No Rio, 51% dos magistrados são do sexo feminino, quase o dobro da média do país, de 27,9% (Pesquisa AMB 2015). Entretanto, as mulheres são apenas 33% dos desembargadores.
Primeiro colocado do concurso, o ex-delegado da Polícia Civil do Rio Anderson de Paiva Gabriel, 30 anos, foi aprovado na primeira tentativa. “Era um sonho de vida. Sempre almejei integrar o TJ-RJ. Como há a necessidade de três anos de prática jurídica, ingressei em outra carreira, mas a magistratura sempre foi meu objetivo final.”
O ex-advogado Bruno Rodrigues Pinto, 31, foi persistente. Bruno concorreu 17 vezes a prova para magistratura. “Este sempre foi o meu foco. Bati na trave em 16 oportunidades, mas com muita força de vontade realizei meu sonho.”
Posse
Com o plenário do Órgão Especial do TJ-RJ lotado de autoridades, parentes e amigos orgulhosos, os novos juízes tomaram posse em 24 de janeiro. O orador da turma, Anderson comparou a jornada dos 18 à travessia dos navegadores europeus desbravadores do fim do século 15, que enfrentaram “privações e tormentas” por um sonho.
“Desafiamos probabilidades e enfrentamos provações. Muitos disseram que não conseguiríamos. Nosso sonho se concretiza hoje. A judicatura é sacerdócio, e a Justiça é pilar do Estado Democrático de Direito”, disse.
Curso de Formação Inicial
Logo no dia seguinte a posse, os novos magistrados entraram no Curso de Formação Inicial na Escola da Magistratura (EMERJ). “Tivemos palestras com foco na parte humanista e ética, que muitas vezes são mais importantes do que a aplicação do Direito. O curso é muito bem dividido entre a parte teórica, humanista e prática”, disse juiz Bruno Pinto. Logo, os magistrados passaram a ser designados para auxiliar outros juízes.
A formação na EMERJ oferece atividades teóricas (presenciais e online) e práticas (em Varas Cíveis, Criminais, de Família, de Fazenda Pública, e em Juizados Especiais, no exercício efetivo da judicatura, como juízes-auxiliares, sob a orientação dos titulares) durante quatro meses (582 horas).