AMAERJ | 06 de maio de 2016 17:08

Revista FÓRUM: Congresso Mundial traça os novos caminhos do Direito Ambiental

Especialistas de 50 países discutem novo arcabouço jurídico para enfrentar os desafios do Planeta Terra

Congresso Mundial de Direito Ambiental

POR RAPHAEL GOMIDE

Em 5 de novembro passado, duas barragens da mineradora Samarco se romperam, em Mariana (MG). A força colossal da enxurrada matou 17 pessoas e despejou Rio Doce abaixo 62 milhões de toneladas de lama, contaminando flora e fauna pelo curso do rio em Minas Gerais e Espírito Santo, em um dos maiores desastres ambientais do Brasil. São Paulo e Rio de Janeiro também sentiram em 2014 e 2015 os impactos nefastos da escassez de água para a população, fruto da mudança climática planetária. De quem é a responsabilidade? Como punir adequadamente crimes ambientais e como prevenir novas tragédias que afetem o planeta e sua população?

Uma semana depois de 165 países assinarem na ONU compromisso para reduzir o aquecimento global, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro sedia o Congresso Mundial de Mireito Ambiental (WELC), com apoio da AMAERJ, entre 27 e 29 de abril. Depois da Eco-92 e da Rio+20, a cidade se firma como um foro de referência para grandes painéis ambientais. Tendo como tema “O Estado de Direito Ambiental, Justiça e Sustentabilidade Planetária”, o congresso é um fórum global para definir o papel do Difeito no desenvolvimento e implantação de soluções que garantam sustentabilidade ecológica, social e econômica. Uma das metas é desenhar um arcabouço jurídico capaz de atender aos desafios atuais do Ambiente.

Trata-se do primeiro evento mundial do gênero e traz ao Rio autoridades de mais de 50 países – entre presidentes de Cortes Supremas, ministros de Estado e de cortes superiores, magistrados e membros do Ministério Público – e de organismos internacionais, como o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), da União Internacional para a Conservação da Natureza, a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o Banco de Desenvolvimento da Ásia. Pelo Brasil, o principal organizador do evento foi o ministro Antonio Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, referência em Direito Ambiental. O secretário-geral da OEA, Luis Almagro Lemes, e o embaixador Roberto Azevedo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, fariam os discursos de abertura do WELC, e a ministra do Ambiente, Izabella Teixeira, participaria de uma das 26 sessões e seminários, ao longo de três dias intensos de debates e apresentações.

Diante da aguda e crescente crise ambiental – que inclui mudança do clima, perda de biodiversidade, e escassez de água e alimentos –, é preciso avançar para ajustar sistemas legais e fortalecer a implantação e obediência a regras do ambiente. O Congresso analisa a legislação ambiental atual, e exemplos positivos de políticas e jurisprudência existentes no contexto dos grandes desafios planetários. O foco prioritário é em três questões ambientais: Biodiversidade & Ecossistemas, Mudança Climática & Energia e Segurança de Água e Alimentos.

Os cerca de 400 participantes definem prioridades e oportunidades para os sistemas jurídicos responderem a esses desafios, para garantir a efetiva aplicação da lei na esfera do Meio Ambiente. Uma declaração mundial sobre Direito Ambiental é uma consequência prática do WELC. Outra é a fundação do Instituto Mundial Judicial para o Ambiente, que teve no Rio seu primeiro encontro, e a criação de uma plataforma para advogados ambientais e instituições manterem o diálogo permanentemente.

O congresso reúne juristas, cientistas, diplomatas e indígenas, como o líder Yanomami David Kopenawa, que fala sobre “Os indígenas como guardiões da Floresta”. Entre os assuntos abordados, estão a “Ética, Direitos e Responsabilidades no Estado de Direito Ambiental: O Papel dos Estados, Povos Indígenas, Empresas e Instituições Financeiras”; “Biodiversidade e Crime Ambiental”.

Além da AMAERJ, o WELC tem como parceiros a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), o TJ-RJ, a Escola Nacional da Magistratura, Escola da Magistratura do Estado do Rio, a OEA, o Banco de Desenvolvimento da Ásia, a FAO e a Associação internacional de Juízes.

A presidente da AMAERJ, Renata Gil, considerou um orgulho apoiar a realização de um evento dessa magnitude e importância estratégica, sobre tema de interesse de todas as pessoas do planeta. “Reunir algumas das maiores autoridades do mundo em proteção ambiental e sustentabilidade na cidade que é uma caixa de ressonância e tem histórico de realizar grandes eventos nessa área é um passo fundamental para avançarmos na proteção do planeta e no Direito Ambiental.”

Mais informações sobre o WELC estão no site welcongress.org.