Judiciário na Mídia Hoje | 03 de junho de 2020 17:19

Reabertura do Rio vai parar na Justiça

*Extra

Surf é liberado pela Prefeitura na reabertura | Foto: Márcia Foletto/ Extra

No primeiro dia de redução do isolamento social na capital do Rio, que atingiu 31.204 casos do novo coronavírus, com 3.828 mortes, os cariocas retomaram as atividades ao ar livre permitidas pela Prefeitura na primeira das seis etapas do plano de reabertura, como andar no calçadão, nadar ou surfar. As praias da Zona Sul e da Zona Oeste ficaram cheias e muita gente aproveitou a reabertura gradual decretada pelo prefeito Marcelo Crivella para burlar normas, algumas em vigor mesmo antes da pandemia, como jogar altinha à beira-mar. No início da noite, o Ministério Público do Rio recorreu da decisão de Crivella à 7ª Vara de Fazenda Pública da Capital, propondo que o prefeito receba multa pessoal de R$ 50 mil.

A força-tarefa que coordena ações contra a Covid-19, do MP e a 7ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Capital, alegam que Crivella descumpriu ordem judicial ao editar atos administrativos, relacionados ao combate do novo coronavírus, em desacordo com as legislações federal e estadual.

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Principalmente ao longo da manhã, banhistas se aglomeraram na areia, o que ainda está proibido, mergulharam no mar e, se valendo da falta de fiscalização, até mesmo jogaram animadas partidas de altinha.

No Recreio dos Bandeirantes, o “afrouxamento” das regras por conta própria era evidente. Muitos surfistas chegaram à praia com as pranchas debaixo do braço, mas sem a obrigatória máscara de proteção no rosto. Um grupo de nadadores também chamava a atenção: os esportistas caminhavam lado a lado, quando a autorização era para a prática individual de esportes.

Na Zona Sul, não foi diferente. Cerca de 30 surfistas amanheceram no Arpoador para aproveitar as ondas. Na areia, sem fiscalização, pequenos grupos se reuniram cedo. Só por volta das 9h30, policiais militares se aproximaram para dispersá-los. À tarde, o cenário se repetiu, e a Pedra do Arpoador ficou cheia.

Nesta terça, também puderam voltar a funcionar lojas de móveis e agências de automóveis, mas o movimento foi fraco. Na concessionária Azzura, em Botafogo, três funcionários trabalhavam, em esquema de escala. Mas poucos clientes apareceram. “Entraram umas duas pessoas. Normalmente, já teríamos atendido cinco ou seis clientes”, contou um dos vendedores.

Coordenador do Centro de Operações da prefeitura, Alexandre Caderman disse que foi possível observar um aumento do número de pessoas caminhando no calçadão da Zona Sul pela manhã, mas não em volume suficiente para aparecer nas medições do índice de isolamento social.

“O isolamento está na faixa de 69 a 70%, no caso da Zona Sul. Hoje ainda é o primeiro dia da flexibilização. O que observamos foi uma concentração maior de pessoas no calçadão por volta de 10h30, 11h, repetindo o que já ocorreu nas últimas semanas. A diferença é que foi possível identificar pessoas na areia, o que não registramos em dias anteriores. Mas no início da tarde, a orla estava vazia”, disse.

Mas o fato é que, em relação à terça-feira da semana passada, o isolamento social caiu na cidade do Rio, passando de 80% para 72%. Segundo a análise da empresa Cybelabs, que utiliza as câmeras do Centro de Operações da prefeitura, o bairro que teve a maior queda de isolamento foi Botafogo, onde houve mais 17% de pessoas nas ruas. Em seguida, aparece Jacarepaguá com mais 16% de pessoas e Centro com 13%.