Em Resende, município do Sul Fluminense, um projeto está dando novas oportunidades a 25 apenados do regime semiaberto da Cadeia Pública de Resende. Uma parceria entre a Prefeitura e a Justiça locais, por meio de um projeto social, ofereceu trabalho na reforma de praças e escolas.
O projeto Ressocialização de Amor foi apresentado há cerca de quatro meses pela Fundação Santa Cabrini ao prefeito Diogo Balieiro Diniz (PSD), ao diretor do presídio, Eliel Ogawa Júnior, e ao juiz da 1ª Vara Cível da cidade e diretor do Fórum, Marvin Ramos Rodrigues Moreira.
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“O presídio foi inaugurado ano passado e chegaram presos dos regimes fechado e semiaberto. Em um levantamento, vimos que cerca de 90% dos presos são da região (Resende, Porto Real, Itatiaia, Barra Mansa e Volta Redonda)”, explicou o juiz, que também comentou o processo de escolha.
“Foi feita uma triagem para identificar quem era mais adequado aos trabalhos e quem já teve experiência com obras. Os selecionados já atuaram como pedreiros, eletricistas, mecânicos, ou seja, são capacitados para a tarefa”, afirmou.
A Justiça cumpre a Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), que prevê a redução da pena em um dia a cada três trabalhados. A Prefeitura entra com transporte, alimentação, fiscalização e outros subsídios para as obras e os presos.
Nova rotina
As reformas começaram esta semana, na segunda-feira (2). A nova rotina deles começa às 7h, quando são transportados até o local, e termina às 18h, momento em que retornam à cadeia. Em todo o momento, são acompanhados por um dos dez voluntários do projeto social Impacto de Amor, que atua junto à Fundação Santa Cabrini com a Prefeitura e a Justiça nesse projeto. Ao longo das horas trabalhadas, eles recebem outro auxílio fundamental nesse período, como explica Wilkie Almeida, coordenador do Impacto.
“Percebemos que o principal problema, com a maioria deles, é a desestruturação da família. Então, temos conversado individualmente para ajudá-los a tratar essas questões e fazê-los vencer esses obstáculos. Nossa intenção não é apenas ressocializar, mas ajudar a remoldar o caráter em cada etapa.”
O primeiro canteiro de obras foi uma praça no bairro Montese, na segunda-feira (2), onde eles capinaram, recolheram folhas e pintaram canteiros, bancos e o meio-fio. A segunda obra, já maior, começou na terça-feira (3) e o alvo é a Escola Municipal Roberto Silveira, no bairro Paraíso. A reforma tem previsão de duração de dois meses, período em que o colégio será ampliado e sofrerá a troca de piso e forro, será pintada, entre outros.
Mesmo nesse breve tempo, Wilkie, que comemorou seu aniversário com eles na quarta-feira (4), já percebeu a diferença. “Eles me disseram que querem que o projeto dê certo. Sabemos que o sistema é excludente, mas quando tratamos a pessoa com amor e respeito, ajudamos a vê-lo o futuro de forma diferente, mais positiva”, afirmou.
O juiz Marvin relembra o papel da Justiça nesse projeto. “Temos que pensar como queremos que essas pessoas retornem ao convívio com a sociedade. A ressocialização faz a diferença na vida dos presos porque os fazem enxergar possibilidades além do crime”, sustentou ele.