Cerca de 30 pessoas percorreram a região da Pequena África, no Centro do Rio, neste sábado (30). A juíza Eunice Haddad, presidente da AMAERJ, magistrados, servidores e familiares participaram da 4ª Caminhada Negra, promovida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).
O encontro aconteceu em conjunto com a 3ª Trilha da Memória, realizada pelos Comitês de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação (COGENs), do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
Estiveram no evento os desembargadores Wagner Cinelli, presidente dos COGENs e diretor Cultural da AMAERJ, Leila Lopes e Luis Gustavo Grandinetti; e os juízes Bruna Fuscella, Monalisa Artifon, Patrick Couto e Vitor Porto, do TJ-RJ, e Elayne Cantuária, do Tribunal de Justiça do Amapá.
O evento foi organizado para comemorar o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), a fim de resgatar a memória afro-brasileira, a história e a cultura do povo negro na formação do Brasil.
A presidente Eunice Haddad, que também é vice-presidente de Assuntos Legislativos da AMB, destacou a importância da iniciativa.
“Precisamos reviver a nossa memória para podermos olhar o presente e o futuro. É um momento de todos refletirmos sobre muitas questões para contribuir com um futuro melhor. Essa ação ressalta o engajamento dos magistrados na luta pela igualdade racial”, afirmou a juíza Eunice Haddad.
O passeio foi guiado de forma voluntária pela servidora do TJ-RJ Tatiana Lima Brandão, historiadora e turismóloga. O grupo partiu da Praça Mauá e passou por pontos como Igreja de São Francisco da Prainha, Painel Hilário Jovino, Casa da Escrevivência, Largo de São Francisco da Prainha, Pedra do Sal, Mirante do Morro da Conceição, Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Espaço Cultural Casa da Tia Ciata, Mercado de Escravizados, Cais da Imperatriz, Docas Pedro II, Praça da Harmonia e Cemitério dos Pretos Novos.
Um dos pontos visitados foi o Cais do Valongo, sítio arqueológico do porto de receptação de africanos escravizados e atual patrimônio histórico da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
O desembargador Wagner Cinelli disse ser necessário falar sobre o impacto da escravidão. “Esse trajeto é muito importante para entendermos um pouco da nossa história. A escravidão repercute até hoje em muitas gerações. Precisamos ter um olhar e entender como isso influencia tantas relações sociais. Pensar sobre isso não pode ser preocupação só de quem está envolvido com o movimento negro, é da sociedade brasileira inteira. Precisamos falar das chagas que tivemos até para que elas não se repitam.”
Ao todo, a Caminhada Negra acontece em 13 cidades do país. Magistrada do Amapá, a juíza Elayne Cantuária estava no Rio e aproveitou para participar do evento. Ela definiu o percurso como histórico.
“Estou muito feliz de ter participado e ter aprendido tantas coisas. Se eu viesse como turista não saberia sobre esse passado, essa cultura que o Rio de Janeiro preserva, valorizando o samba e a gastronomia. Estou maravilhada, só tenho que agradecer”, disse.