Iniciativas em prol da defesa da dignidade humana foram celebradas na cerimônia do 14º Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos, realizada na noite desta segunda-feira (22), no salão histórico do 1º Tribunal do Júri. Ao discursar, a presidente da AMAERJ, juíza Eunice Haddad, ressaltou a importância do Prêmio e destacou a cooperação entre o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e o Judiciário do Rio Grande do Sul (TJ-RS) como exemplo de mobilização solidária.
“Esta é uma premiação que traz visibilidade e incentiva práticas e trabalhos inspiradores. Ações que fazem a diferença para a sociedade devem ser sempre disseminadas para servir de exemplo. A realização do Prêmio em todos esses anos e a atuação da Magistratura, por meio de decisões judiciais, projetos e iniciativas, ressaltam o comprometimento do Poder Judiciário em garantir a cidadania, os direitos fundamentais e o Estado Democrático de Direito”, afirmou a presidente da AMAERJ.
“Um exemplo do engajamento dos juízes está na pioneira cooperação entre o TJ-RJ e o TJ-RS. As enchentes que afetaram a vida de milhões de gaúchos, em 2024, também impactaram o Judiciário local, que chegou a ficar com audiências e sessões suspensas. Em uma iniciativa solidária, mais de 70 magistrados do Rio de Janeiro trabalharam voluntariamente em centenas de audiências para levar a justiça para a população local. Essa mobilização dos colegas, que contou com o apoio da AMAERJ e do Núcleo de Cooperação Judiciária do Tribunal, orgulha a todos e merece o nosso reconhecimento público”, disse.
A magistrada também destacou o legado de Patrícia Acioli (1964-2011). “Uma juíza próxima da sociedade, corajosa, que atuou na defesa da justiça nos 18 anos em que exerceu a Magistratura. Seu exemplo será eternamente lembrado e ressaltado.”
O presidente do TJ-RJ, desembargador Ricardo Couto, relembrou que foi colega de Patrícia Acioli na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), na Defensoria Pública e na Magistratura.
“Patrícia Acioli era uma excepcional magistrada, que fazia tudo de coração, com uma visão social e valores fundamentais que sempre colocou em seu atuar. O Prêmio Patrícia Acioli infelizmente surgiu de um triste episódio, mas hoje simboliza a grandiosidade que representa essa juíza. Hoje, podemos comemorar mais um evento que traz à tona criações que envolvem a defesa dos direitos humanos”, frisou o magistrado.
Também compuseram a mesa de autoridades os desembargadores Claudio Brandão (corregedor-geral da Justiça), Cláudio dell’Orto (diretor-geral da EMERJ e presidente da AMAERJ nos biênios 2006/2007 e 2012/2013), Katya Monnerat (presidente do Conselho da AMAERJ), Márcia Succi (1ª tesoureira da AMAERJ) e Wagner Cinelli (diretor Cultural da Associação); os juízes Felipe Gonçalves (presidente da AMAERJ de 2020 a 2021) e Mirela Erbisti (diretora de Direitos Humanos da Associação); o vice-almirante Ralph Dias, presidente do Tribunal Marítimo; Patrícia Glioche, sub-procuradora-geral de Justiça de Direitos Humanos e Proteção à Vítima; André Miranda, subsecretário municipal de Assuntos Institucionais da Casa Civil do Rio; Diogo Mentor, diretor jurídico da Cedae; e Vander Giordano, vice-presidente institucional da Multiplan.
Estiveram no evento os desembargadores Ricardo Alberto Pereira (1º vice-presidente da AMAERJ), Helda Meireles e Claudia Motta; as juízas Ana Beatriz Estrella e Rita Vergette (diretoras-adjunta da AMAERJ); a presidente da ADPERJ, Juliana Lintz; a presidente da Ajuferjes, Marceli Siqueira; a vice-presidente Administrativa da AMB, Julianne Marques; o 1º vice-presidente da AMAB, Eldsamir Mascarenhas; e Maria Eduarda Acioli, filha da juíza Patrícia Acioli.
O jornalista Vinícius Dônola, da BandNews FM, abrilhantou o evento como mestre de cerimônias. A solenidade foi transmitida ao vivo pelo canal da AMAERJ no YouTube; assista aqui na íntegra.
Houve apresentação da Orquestra Maré do Amanhã, patrimônio cultural imaterial do Estado do Rio de Janeiro, instituição atende cerca de 4 mil alunos no Complexo da Maré (Zona Norte do Rio).
Os troféus, idealizados pela juíza Mirela Erbisti, foram entregues pelos presidentes Eunice Haddad e Ricardo Couto, pelos desembargadores Márcia Succi e Wagner Cinelli e pela juíza Mirela Erbisti.
Vencedores
Na categoria Trabalhos dos Magistrados, o vencedor foi o juiz Gabriel Consigliero Lessa, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), com o “Projeto Vez e Voz”. “A emoção é grande. É uma alegria para todos que estão aqui. Com esse projeto, nós desafiamos uma série de preconceitos e hoje estamos aqui, neste local histórico, para comemorar esse projeto. O Prêmio tem um nome muito simbólico, Patrícia Acioli está viva, só é morto quem é esquecido. Eu tenho orgulho de ser colega de Patrícia Acioli. Com toda certeza, de alguma forma, ela está aqui conosco, nos projetos que dignificam a vida, a justiça e que fazem o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro pujante no nosso país”, ressaltou.
A campeã de Reportagens Jornalísticas foi a série “Caso K – A história oculta do fundador da Casas Bahia”, de Thiago Domenici e equipe da Agência Pública. “Estou muito surpreso com essa premiação. Essa história chegou para nós, na Agência Pública, há cinco anos e, desde então, continuamos apurando esse caso. Falamos com mais de 30 mulheres que foram vítimas e denunciaram casos de abuso e exploração sexual. Estou feliz que, neste espaço tão emblemático da Justiça, possamos receber um prêmio. Muito obrigado pela premiação e pelo reconhecimento”, afirmou Thiago Domenici.
“Complexo Penitenciário de Gericinó: um estudo sobre arquitetura carcerária e as relações de poder”, de autoria de Maria Luiza Rodrigues de Moura Brito, conquistou a categoria Trabalhos Acadêmicos. “O trabalho foi fruto de uma pesquisa intensa e muito complexa de cerca de um ano e meio, que trata de arquitetura, Direito, psicologia e sociologia, um trabalho multidisciplinar”, disse a laureada.
Em Práticas Humanísticas, o “Projeto ‘Que Vem das Ruas’”, de Anderson Barbosa Morais, ficou em 1º lugar. “Passa um filme na cabeça. Nesse trabalho, criado em 2016, eu ouço muitas dores, muito sofrimento, mas também perspectivas de vida, alegrias de pessoas que querem mudar de vida e que, muitas vezes, só precisam de oportunidade. É para essas pessoas que dedico este prêmio. Muito obrigado.”
| Conheça os vencedores do 14º Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos
Criado em 2012, o Prêmio homenageia a memória da juíza Patrícia Acioli, morta por policiais militares em 2011, quando era titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. A premiação tem o objetivo de identificar, disseminar e estimular as ações em defesa dos direitos humanos, dando visibilidade a práticas e trabalhos na área.
O Prêmio tem apoio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ). Os patrocinadores são a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Multiplan, a Prefeitura do Rio e a Cedae.
Fotos: Fabio Motta
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| TV Globo e sites destacam a solenidade de premiação do AMAERJ Patrícia Acioli