* Lillian Witte Fibe
Dois dias, dois ex-governadores presos no Estado que virou símbolo do desmando e descaso dos governantes com seus moradores.
As prisões de Garotinho (ontem) e de Sérgio Cabral (hoje) nos mostram, ainda uma vez, que os juízes estão fazendo a parte deles.
É por essas e por outras que as medidas contra a corrupção são urgentes e muito, mas muito mais importantes que a controversa emenda do “teto” de gastos ao setor público.
Primeiro: teto de gastos só vai funcionar se for acatado pelo governante. E, como já cansamos de ver na velha lei da responsabilidade fiscal, rigidez alguma funciona enquanto prevalecer a impunidade.
E está aí, na impunidade, o mal maior do Brasil.
Sem exagero, políticos e assassinos contam com ela pra seguir matando, aleijando e nos assaltando.
Só com o fortalecimento do Poder Judiciário é que as contas públicas vão parar de sangrar.
Só assim, o rombo nos déficits federal, estaduais e municipais vai parar de aumentar em proporções geométricas.
Cansei de ler e ouvir mirabolantes contas de economistas que respeito sobre o futuro da Previdência ou sobre o crescimento com a folha de pagamento dos ativos.
Ora bolas, cadê a aritmética sobre o dinheiro que, ao invés de pagar agora o salário do servidor do Rio de Janeiro, foi enterrado no Maracanã, pra ficar só nesse exemplo tão caro ao brasileiro, o do estádio de futebol?
Jornalista, por definição, trabalha em cima de fatos novos. Quase sinto vergonha ao martelar nessa mesma tecla, a da necessidade de se estancar primeiro a corrupção pra só depois, olhando pra resultados contábeis que resultarão completamente diferentes, estudar o que fazer em relação à receita versus despesa.
Não é nenhuma surpresa que a ideia de aumentar agora o que o servidor paga à previdência resulte na quebradeira e invasão da assembleia do Rio.
Sorte do Brasil que tem juízes como Marcelo Bretas e Sérgio Moro, que hoje, em colaboração inédita e estritamente dentro da lei, atuaram juntos pra prender o ex-governador da dança do guardanapo em Paris. O juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da justiça eleitoral de Campos, também não pode deixar de ser mencionado. Foi ele que mandou prender ontem o ex-governador Anthony Garotinho.
Depende da gente impedir os novos abusos, em adiantada gestação no Congresso, para que a justiça deixe de proteger o que é do Estado, e não dos políticos.
Como disse Obama no dia seguinte à eleição de Trump, na semana passada: sim, a democracia dá trabalho.
É difícil.
E vale muito a pena.
Fonte: Blog Lillian Witte Fibe