A Lava-Jato resultou, até o momento, em 280 acusados de corrupção, 140 condenados a 1400 anos, R$ 750 milhões repatriados e o compromisso de devolução de mais R$ 10 bilhões aos cofres públicos. Os números mostram o tamanho da Operação que impactou o país. Em palestra no TJ-RJ, nesta sexta-feira (30), o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol (procurador da República no Paraná), falou sobre o combate à corrupção e à impunidade.
“Os avanços mais importantes do combate à corrupção nos últimos anos partiram do Judiciário, não do Congresso. Mas a Lava-Jato é só um passo no caminho que precisamos trilhar para as reformas necessárias”, afirmou. Ele destacou as proibições do financiamento eleitoral por parte de empresas e a permissão da execução provisória das penas depois da condenação em segunda instância.
Dallagnol disse que a Operação não tem heróis. “A Lava-Jato não vai transformar o país. Não basta tirarmos as maçãs podres do cesto, as maçãs vão continuar apodrecendo. Precisamos mudar as condições de temperatura e pressão que fazem as maçãs apodrecerem. Só a sociedade pode se salvar. Precisamos deixar a postura de vítimas que precisam de heróis e passarmos a ser senhores da nossa história.”
O procurador criticou a impunidade e as brechas da lei. “Somos o país da impunidade dos réus do colarinho branco. A corrupção e impunidade caminham de mãos dadas porque a impunidade alimenta a corrupção. Existem labirintos de recursos que resultam em prescrição. Precisamos de transformações”, destacou.
A palestra foi promovida pelo Fórum Permanente de Segurança Pública e Execução Penal da EMERJ (Escola da Magistratura). Para o presidente do Fórum, Alcides da Fonseca Neto, a corrupção mata mais do que as armas dos traficantes. “A corrupção deixa pessoas muito ricas e estados muito pobres. Não queremos mais esse nível absurdo de corrupção nesse país, não queremos mais impunidade. A Lava-Jato tem um grande poder, a força da sociedade.”
A presidente da AMAERJ, Renata Gil, ressaltou o momento de fortalecer as instituições. “É fundamental que a sociedade nos ajude com uma possível renovação política em 2018 e com a aprovação de textos legislativos que efetivamente representem o combate à corrupção. Temos de chamar a sociedade para, de braços dados com as instituições sérias deste país, mudar o cenário político.”
Também participaram do evento os desembargadores Ricardo Rodrigues Cardozo (diretor-geral da EMERJ), Luciano Barreto (vice-presidente do Fórum Permanente), Mauro Dickstein (vice-presidente do Conselho Consultivo da EMERJ) e Abel Gomes (TRF-2).