Notícias | 07 de outubro de 2011 15:03

Ódio nutrido por 22 anos matou juíza Patrícia Acioli

Um ódio nutrido por 22 anos, que começou no dia 3 de setembro de 1989 no estádio do Maracanã durante uma partida de futebol entre o Brasil e o Chile, “foi a principal causa da morte da juíza Patrícia Acioli”, executada com 21 tiros no último dia 11 de agosto passado no bairro de Piratininga, em Niterói.

A conclusão é do comissário José Carlos Guimarães, chefe da investigação da Divisão de Homicídios (DH), num relatório que aponta o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo) e do 22º BPM (Maré), como o mentor do assassinato. Naquele disputado jogo pelas eliminatórias da Copa do Mundo da Itália, uma confusão na arquibancada levou a então defensora pública Patrícia Acioli e o então tenente Cláudio Luiz Oliveira a uma violenta discussão.

O fato foi parar na 18ª DP (Praça da Bandeira) e o rancor permaneceu, ainda segundo o investigador da DH, até o assassinato da juíza. O documento de 30 páginas, com um resumo de toda a investigação, já foi entregue ao Ministério Público estadual, que tem até segunda-feira para apresentar a denúncia. Pelas conclusões da polícia, não há dúvida que os dez policiais militares comandados pelo tenente Daniel Benitez, que chefiava o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM, agiram a mando do tenente- coronel Cláudio. Benitez era uma espécie de “pupilo” do comandante e foi quem organizou a execução. Uma das provas para o contado estreito e constante entre o tenente e o tenente-coronel é o número de ligações telefônicas que um fez para o outro.

O tenente-coronel ligou 170 vezes para Benitez entre os dias 18 de junho e 13 de agosto (dois dias depois da morte da juíza) deste ano. Já o tenente falou 237 vezes com o ex-comandante de São Gonçalo entre maio e o dia 13 de agosto deste ano. Ainda segundo a conclusão da polícia, o tenente-coronel “é um dos oficiais mais arrogantes da Polícia Militar”, “amigo pessoal do ex-comandante da PM, coronel Mário Sérgio”, e que costumava punir toda a tropa perfilando os militares sob chuva no pátio do batalhão de São Gonçalo. Para os policiais da DH, o plano de matar a juíza ganhou força este ano depois das prisões — por ordem de Patrícia Acioli — de policiais da P-2 (serviço de inteligência) do 7 o- BPM acusados de homicídio e de um boato: a juíza investigava o tenente-coronel e pretendia prendê-lo.

Fonte: O Globo