Em resposta ao cruel feminicídio da juíza do TJ-RJ Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, ocorrido na véspera do Natal (24), magistradas do Brasil e do exterior assinam um manifesto que repudia a violência contra a mulher. Até a conclusão deste texto, mais de 330 magistradas já são signatárias da documento. A magistrada foi morta a facadas pelo ex-marido Paulo José Arronenzi, preso em flagrante.
O texto da juíza Maria Aglaé Tedesco Vilardo, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, “foi escrito em um momento de emoção e da sensação de impotência em mudar as consciências”, segundo ela explica.
A desembargadora Regina Lúcia Passos, diretora de Assistência e Previdência da AMAERJ, têm auxiliado a divulgar o manifesto e a angariar adesões.
“São assinaturas de mulheres magistradas, que são respeitadas por exercerem o poder da Justiça e são vistas como ‘poderosas’. A ideia é mostrar que cada uma poderia ter sido vítima, somente por ser mulher. Talvez este ‘grito abafado’ possa dar voz a todas as mulheres que sofrem violência, seja psicológica ou física. São mais de 300 juízas bradando por mudança”, afirmou Maria Aglaé, que aguarda assinaturas de juízas de Portugal.
Além de Regina Lúcia, mais diretoras da AMAERJ assinam o manifesto: Adriana Laia Franco, Rosana Albuquerque França, Criscia Curty, Juliana Benevides, Denise Capibaribe, Vanessa Cavalieri, Raquel Chrispino, Lorena Boccia, Ingrid Carvalho de Vasconcelos, Adriana Costa dos Santos, Natascha Maculan Adum Dazzi, Katya Monnerat, Alessandra Bilac, Simone Rolim, Luciana da Cunha Martins Oliveira, Flávia Melo Balieiro, Beatriz Prestes Pantoja, Monicca de Hollanda Daibert, Ana Carolina Gantois Cardoso, Fernanda Sepúlveda, Isabel Cristina Daher da Rocha, Renata Oliveira Soares, Juliana Kalichztein e Marcela Assad Caram.
O manifesto está disponível neste link e pode ser assinado pelas magistradas. Leia abaixo o texto na íntegra:
“Nós. Mulheres. Juízas. Feministas. Estamos tristes, devastadas e indignadas pela vulnerabilidade que o patriarcado nos impõe.
Somos profissionais. Trabalhamos. Cuidamos de crianças. De nossos pais e mães. Das casas. Cozinhamos. Limpamos. Queremos e exigimos respeito sobre nossos corpos e nossas decisões. Os homens os quais amamos não podem achar que pertencemos a eles. Nossa total repugnância e reação a toda forma de violência e opressão à nossa liberdade em sermos e vivermos como mulher. Nossa dororidade às três filhas. À mãe e à irmã.
Somos mulheres, e estamos e estaremos de mãos dadas. Mas as soltaremos para lutar contra toda forma de machismo abjeto que acredita que somos sua propriedade e que podem agredir e matar. Queremos os homens ao nosso lado, mas jamais para nos oprimir ou maltratar. VIVIANE, VIVA!
Abaixo assinamos, nós, juízas deste TJRJ, deste Brasil todo e de outros países.”