*O Globo
A Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deu 48 horas, a contar desta segunda-feira (30), para que a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) e a direção da Penitenciária Lemos Brito forneçam detalhes sobre a fuga de três presos de altíssima periculosidade na madrugada de domingo (29).
Na decisão, o juiz Bruno Monteiro Rulière pontuou que “os fatos ventilados revelam um quadro que expõe fundadas suspeitas de falhas grosseiras e/ou ações e/ou omissões ilícitas de servidores da Secretaria de Administração Penitenciária, capazes de comprometer a disciplina, ordem e segurança da unidade prisional”.
Rulière, então, fez as seguintes perguntas para a Seap:
– Quantidade de servidores no plantão no dia dos fatos, com a identificação de todos;
– Quantidade de postos cobertos e descobertos;
– Quantidade de guaritas da unidade prisional, identificando quais estavam cobertas e quais estavam descobertas;
– Considerando que os presos que fugiram estavam em celas distintas, responda como ocorreu a saída dos presos dos alojamentos (grades serradas, portas não estavam trancadas etc.);
– Como os presos ultrapassaram as grades do solário;
– Considerando a informação de que as câmeras estavam inoperantes em razão da falta de energia, esclareça se este fato ocorreu (câmeras inoperantes); se a unidade possui gerador em funcionamento e por qual razão não houve o restabelecimento do fornecimento de energia para alimentar o circuito interno de câmeras, como usualmente ocorre; a que horas o circuito interno de monitoramento foi restabelecido; e se o restabelecimento do circuito interno de monitoramento se deu em razão do acionamento de geradores ou pelo retorno da energia fornecida pela concessionária de energia elétrica;
– Observado o livro de ocorrências da unidade, informe todas as anotações noticiando a falta de energia nos últimos três meses.
A pedido da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, o magistrado também determinou que a Seap preste informações sobre “restrições (sanções) e providências (coletivas ou individuais) adotadas em relação aos presos”.
Parentes de detentos denunciaram que as visitas forma suspensas e que internos foram agredidos durante uma vistoria.
“Eles foram espancados, eles tiveram água cortada. E eles tão sendo massacrados por uma coisa que eles não têm nada com isso. Que cobrem dos responsáveis, de quem tem que ser cobrado, não é dos que estão ali pagando pelo erro que eles cometeram”, contou a mãe de um preso.
Traficantes perigosos
Entre os presos que deixaram a cadeia está Jean Carlos Nascimento dos Santos, o Jean do 18, que chefiou o tráfico do Morro do Dezoito, em Água Santa, na Zona Norte. Ele estava preso desde 2017. Também fugiram Lucas Apostólico da Conceição, conhecido como Índio do Jardim Novo, e Marcelo de Almeida Farias Sterque, o Marcelinho da Merindiba.
A cela onde o trio estava foi encontrada com parte da grade serrada.
A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar ainda se houve facilitação para a fuga.
Jean, Marcelinho e Índio conseguiram fugir com a ajuda de uma corda feita com lençóis (teresa) jogada nos fundos do complexo de presídios. Para além dos muros fica um lixão.