Em entrevista ao “Jornal do Brasil”, a juíza Vanessa Cavalieri (titular da Vara da Infância e da Juventude do TJ-RJ) ressaltou que cabe à Justiça dar limites ao menores reincidentes em crimes. “Temos que mostrar a ele a consequência do crime.” O atual cenário do sistema de internação de jovens infratores no Estado foi abordado na reportagem, publicada nesta quinta-feira (23).
“O fato é que pegamos esse garoto que não tem limites dentro de casa — que muitas vezes abandonou a escola, não tem figura paterna e a mãe fica ausente o dia inteiro trabalhando no subemprego, que não tem limite de ninguém — damos o limite pra ele. Da pior forma possível, mas damos. Tiramos ele da rua, botamos num lugar como se fosse uma prisão. Chamamos de unidade de internação, mas é um lugar onde ele vai ficar trancado, sem poder sair, privado da sua liberdade, e mostra pra ele qual é a consequência do crime”, descreveu Vanessa.
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A magistrada informou os números e os delitos cometidos pelos menores. Segundo ela, hoje, o Estado do Rio tem 1.329 internos, sendo 722 na Capital e 607 no interior. Os que cometem ato infracional relativo a roubo são 50% dos presentes no sistema; 20% são por furto; 20% por tráfico; e 10% por homicídio, estupro e outro atos mais leves. Na entrevista, ela também defendeu a construção e a reativação de unidades de internação como medida para desafogar o sistema, que sofre com superlotação.
Vanessa Cavalieri também falou sobre o perfil dos internos. “O primeiro é que metade dos apreendidos tem passagem anterior. Um outro dado é sobre um estudo que fizemos que mostra que, dos que cumpriram medida de internação entre 2014 e 2016, entre 12 e 15 anos, só 4% cometeram novo ato infracional. Já entre os com idade entre 16 e 18 anos, 50% cometeram novo ato infracional. Ou seja, quanto mais cedo a gente fizer a intervenção, mais efetivo é o resultado”, disse.
Confira neste link a entrevista ao JB na íntegra.