Judiciário na Mídia Hoje | 08 de maio de 2020 16:36

Justiça do Rio autoriza governo a usar respiradores apreendidos em operação

*G1

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro | Foto: Matheus Salomão

O juiz Bruno Ruliére, da Vara Criminal Especializada da Capital, autorizou o governo do Rio de Janeiro a utilizar respiradores apreendidos na Operação Mercadores do Caos. A Justiça atendeu a um pedido do Ministério Público. A ação, realizada na quinta-feira (7), prendeu quatro suspeitos de obter vantagens na compra emergencial de respiradores para pacientes de Covid-19 no Estado.

Um dos presos é Gabriell Neves, ex-subsecretário estadual de Saúde. Durante a operação, foram encontrados 25 respiradores e ventiladores mecânicos na sede de uma das empresas com mandado de busca expedido, a Arc Fontoura. Após a autorização judicial, os equipamentos já foram entregues à Secretaria Estadual de Saúde, segundo o MP.

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Até o período da tarde desta quinta-feira, quatro pessoas foram presas na operação: Gabriell Carvalho Neves Franco dos Santos, Gustavo Borges da Silva, Cinthya Silva Neumann e Aurino Batista de Souza Filho. Todos foram levados para a Cidade da Polícia. Glauco Octaviano Guerra encontra-se foragido. Também foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, todos os endereços na capital.

Na sua decisão, o juiz diz que Gabriell e Gustavo atuaram, de acordo com as investigações, nos processos administrativos suspeitos. Cinthya Silva Neumann é sócia da empresa Arc Fontoura Indústria e Comércio e Representações Ltda, que venceu o primeiro processo administrativo de contratação, com R$ 169,8 mil por respirador, somando valor correspondente a R$ 67.920.000,00.

As investigações, no entanto, não encontraram provas da entrega dos respiradores ao poder público. O preso Aurino Filho faz parte da A2A, uma empresa de informática que ganhou contrato para fornecer respiradores ao estado — indícios de irregularidade foram mostrados pelo jornalista Rubem Berta em seu blog no início de abril.

As investigações também revelaram que outra das empresas investigadas na operação, a MHS, enviou uma proposta de fornecimento de respiradores menos de 1h após um funcionário da secretaria de Saúde enviar um e-mail solicitando o equipamento.

A agilidade, de acordo com a decisão judicial que determinou as prisões desta quinta, permite a suspeita de direcionamento.