O juiz Alexandre Abrahão, titular da 3ª Vara Criminal da Capital, marcou para 10 de novembro, às 13h, o júri popular do engenheiro Paulo José Arronenzi, acusado de assassinar a ex-esposa, a juíza Viviane Vieira do Amaral. A magistrada foi esfaqueada na véspera do Natal de 2020, na Barra da Tijuca (Zona Sul do Rio).
Paulo José Arronenzi está preso desde o crime, quando foi detido por guardas municipais ainda no local do assassinato. O juiz Alexandre Abrahão pronunciou e manteve a prisão preventiva do engenheiro em junho de 2021.
Segundo o depoimento da mãe da juíza, Sara Vieira do Amaral, a vítima e o engenheiro foram casados por 11 anos, período em que os contatos entre ela e a filha ocorreram mais por telefone. O marido a mantinha isolada, assim como as filhas. Em setembro de 2020, Viviane propôs a separação, em razão do comportamento violento do engenheiro. Ele não aceitou o divórcio. A juíza foi morar com a mãe. O irmão da juíza, Vinicius, confirmou o comportamento violento do cunhado, acrescentando que ele não assumia financeiramente as despesas da família.
Além dos depoimentos dos parentes e amigos da juíza, constam no processo relatos de testemunhas que presenciaram o crime. Contaram que tiveram a atenção despertada pelo comportamento estranho do engenheiro, que andava de um lado para o outro na calçada, enquanto aguardava a chegada da ex-esposa. Assim que ela desceu do carro com as filhas, foi atacada pelo criminoso. Paulo levava uma mochila, onde guardava outras facas.
De acordo com a sentença de pronúncia, os indícios sugerem que o crime foi cometido mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Alexandre Abrahão também destaca que o crime foi de feminicídio.
“Quanto à QUALIFICADORA constante no inciso IV do §2º do art. 121 do CP, os indícios também sugerem que o crime tenha sido cometido MEDIANTE RECURSO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DA VÍTIMA já que o acusado teria iniciado os golpes de inopino, logo após a vítima desembarcar de seu veículo durante a entrega das filhas menores. Quanto à QUALIFICADORA prevista no inciso VI §2º-A, inciso I, c/c o § 7º, inciso III, do Código Penal, há indícios de que houve na hipótese o que se convencionou chamar FEMINICÍDIO, eis que cometido contra mulher por razões de sexo feminino, em contexto de violência doméstica e familiar, na presença física das três filhas do casal”.
Morta aos 45 anos, Viviane Vieira do Amaral integrou a Magistratura do Estado do Rio de Janeiro por 15 anos. A juíza atuava na 24ª Vara Cível da Capital.