Os 18 juízes que tomaram posse nesta terça-feira, no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, concluíram com êxito uma longa e árdua disputa com 443 candidatos por vaga, com o recorde de 7972 inscritos em um concurso para a magistratura. Receberam a recompensa quase exatamente um ano depois da primeira prova – em 1º de fevereiro de 2016 – no Órgão Especial lotado de autoridades, parentes e amigos orgulhosos de sua conquista.
Orador e primeiro colocado da turma, Ânderson de Paiva Gabriel, 30 anos, comparou a jornada dos 18 à travessia dos navegadores europeus desbravadores do fim do século 15 que enfrentaram “privações e tormentas” por um sonho. De fato, pereceram no caminho outros 7954 candidatos. “Desafiamos probabilidades e enfrentamos provações. Muitos disseram que não conseguiríamos. Nosso sonho se concretiza hoje”, afirmou Paiva, que era delegado da Polícia Civil do Estado do Rio. “A judicatura é sacerdócio, e a Justiça é pilar do Estado Democrático de Direito”, disse.
Os novos magistrados foram recebidos em uma cerimônia com a presença do presidente do TJ-RJ, Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, e dos presidentes da AMAERJ, Renata Gil, e da AMB, Jayme de Oliveira, entre outras autoridades.
“A magistratura não é apenas uma profissão, é uma missão. O Estado Democrático de Direito não existe sem magistratura forte, atuante e serena. O país enfrenta um momento de crise social, política e econômica. São obstáculos e desafios que os magistrados encontram pela frente. Mas o magistrado só deve obediência à Constituição, às leis e à sua consciência”, disse o presidente Luiz Fernando. “Vivemos tempos difíceis. Vocês assumem em um momento em que se discutem questões imprescindíveis da própria manutenção do Poder Judiciário, como a independência e mudanças nas garantias constitucionais dos magistrados”, afirmou Renata Gil.
O presidente da AMB, Jayme Oliveira, sugeriu que os novos magistrados “não se tornem insensíveis”. “Lembrem-se de que escolheram a área de humanas, não de exatas. Os processos tratam de pessoas.”
Formação na EMERJ
A última fase do concurso, a prova oral, foi aplicada em 14 e 15 de dezembro. A partir desta quarta-feira (25), os novos juízes passam a receber um curso de formação com a duração de quatro meses. A aula inaugural será do desembargador Caetano Ernesto da Fonseca Costa, diretor da EMERJ. Eles terão ainda, entre muitas outras, palestras do presidente do TJ-RJ, Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, e encontros com a presidente da AMAERJ, Renata Gil, e com representantes da Mútua.