O rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), mexeu com a juíza Simone de Faria Ferraz (diretora de Aperfeiçoamento Institucional da AMAERJ). Com experiência em sobrevivência em mata, a magistrada seguiu para o local da tragédia. Autorizada pelo TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), ela chegou na manhã desta segunda-feira (28) à cidade mineira, onde ficará até sexta-feira (1).
“Fui do grupo de Operações Especiais da Polícia Civil, atuei como voluntária em diversos desastres. Uma delas foi na queda de encostas em Petrópolis, em 1988, e no Morro do Bumba, em 2010. Mais uma vez, vi que precisava fazer algo”, explicou a juíza, por telefone, nesta tarde.
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Simone conversou com o desembargador Henrique Figueira, responsável pela movimentação de magistrados do Tribunal do Rio, antes de protocolar o pedido de licença ao presidente do TJ-RJ, desembargador Milton Fernandes de Souza. “Solicitei que esses dias sejam compensados futuramente, em plantões ou férias”, contou.
Ela viajou sozinha para Brumadinho, onde encontrou “uma cidade triste”.
“A água do rio tem cor de cobre, totalmente poluída. É um momento muito complicado. Mas a Defesa Civil daqui e de outros Estados, junto ao Exército, estão organizados. As equipes israelenses também estão aqui para ajudar no resgate.”
A voluntária, que presenciou o resgate de animais, afirma que as buscas estão concentradas na “área quente” – ou seja, a principal região afetada pelo desastre.
Segundo a voluntária, ainda há instabilidade na lama de rejeitos, o que impossibilita sua atuação no resgate. Ela está auxiliando na Estação do Conhecimento, área de lazer da Vale, transformada em ponto de informações, cadastro de voluntários e campo de decolagem de helicópteros.
“Quando cheguei, contei a um capitão do Corpo de Bombeiros que vim do Rio para ajudar. Seus olhos se encheram d’água. Deixei meu carro livre para usarem quando precisar e levei um casal de idosos a Inhotim, cansados de esperar notícias de parentes. Já separei mantimentos e conversei com famílias. Faço o que for preciso para ajudar e, só por estar aqui e me doar, já valeu a pena.”
A barragem de rejeitos minerais da Vale se rompeu na tarde de sexta-feira (25). A avalanche de lama atingiu a área administrativa da companhia e parte da localidade Vila Ferteco. Até às 11h desta segunda-feira (28), havia a confirmação de 60 mortos, 292 desaparecidos e 192 resgatados, segundo o Corpo de Bombeiros.