Notícias | 26 de maio de 2015 02:34

Filosofia e Vida

Por Gilberto Pinheiro

Creio que uma das maiores virtudes que podemos abraçar é exatamente a dignidade em nossas vidas, sermos bons, justos, corretos e misericordiosos em relação ao próximo. A vida é proficiente escola e nela estamos matriculados desde o nascimento e receberemos o diploma ou não às vésperas de nosso falecimento.   O grande tesouro que levaremos desta vida para a espiritual é a probidade, a correção de nossos atos.  A busca pela verdade também deve fazer parte de nossas vidas.  Particularmente, opto por estas escolhas.

Em tempos difíceis, como os atuais, quando a sociedade moderna é bombardeada pelo propaganda consumista e quando a cultura do ter sobrepõem-se à cultura do ser, o caos parece mais evidente e tudo se transforma em intenso sofrimento.  A sociedade começa então ser dividida em castas ou classes, dando margem à segregação, em vez de optar-se pela totalidade.  É lamentável que isso ocorra, afinal, ninguém é melhor que ninguém, a não ser pelas virtudes. 

A vida não é apenas um momento como muitos imaginam.  Costumo ouvir – precisamos viver o momento intensamente.   Sim, mas o que é viver o momento senão relativizarmos o mesmo, assim como o sentido da vida?  Há pessoas que entendem como viver, gastar muito dinheiro em futilidades, mostrar-se ao próximo como “vencedor” neste mundo de desafios e intensa dor.   Hoje, é comum ver-se e ouvir-se pessoas contando vantagens, almejando apenas bens materiais, esquecendo que muitas conquistas, as verdadeiras e imperecíveis não têm valor pecuniário – a amizade, o respeito ao próximo, a gentileza são marcas indeléveis das almas mais elevadas e desprendidas do materialismo.  O crescimento humano não está apenas nos bens materiais mas, principalmente, na elevação espiritual.

                               

                                                  O CONSTANTE PORVIR – Heráclito de Éfeso 

Momentos seguidos formam a eternidade, à luz de constantes mudanças.  Costumo parafrasear Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático que viveu  na plenitude do século VI – na Grécia Antiga quando entendia que a vida  é um constante devir, uma sucessão de momentos, pois o que é agora, um segundo depois não é mais.  O movimento e a relatividade do tempo nos coloca frente à frente com o imprevisível, o constante devir. Acho bastante coerente tal proposição.

Não sou filósofo mas admiro a Filosofia e tento seguir nesta estrada de constante aprendizado, a fim de tornar-me um ser humano que entenda a razão de viver, em busca das verdades supremas e espirituais  

As adversidades que enfrentamos, depuram nosso ser, colocam-nos frente à frente com nossos limites. Mais uma vez a relativização da vida e nossos anseios mostram-nos como precisamos ainda evoluir como um todo.   Por exemplo, com a minha idade, ensejo voltar ao mercado de trabalho, mas enfrento resistência que é o diferencial negativo chamado idade.  Nâo é impossível, mas é difícil contratar-se alguém acima de determinada faixa etária. No Brasil é assim, diferentemente da Europa, quando a experiência sobrepõem-se aos arroubos da juventude, valorizando o discernimento em vez da competição.   Aliás, não gosto de competição, a não ser nos esportes e na Ciêcia,que precisa evoluir.  Em vez de competição em alguns segmentos empresariais, prefiro entender a motivação e experiência.

Infelizmente, em nosso país, valemos pelo o que temos e não pelo o que efetivamente somos. 

Eis um grande erro e perversa injustiça, pois quando estamos mais experientes, sem arroubos descontrolados da juventude, não temos valor num país que privilegia a imagem, o consumo, o……..vazio do existencial.

Mas, sempre há uma motivação para seguirmos em frente e a esperança move-se em nossa direção quando somos íntegros, preparados intelectualmente e bem intencionados.  A verdade sempre se manifesta, independentemente do tempo que demande sua manifestação.

Eis uma questão de relativizarmos o tempo.  A única verdade é a eternidade; o restante é subsídio para a arte retórica.

-Penso assim! 

 

Gilberto Pinheiro é jornalista, palestrante em escolas e universidades sobre a senciência dos animais e escritor