Em tempos de conflitos, como o Brasil está vivendo hoje, a mostra ‘América do Sul – a pop arte das contradições’ se encaixa perfeitamente nesse contexto de revoluções sociais. Oferecendo um panorama brilhante da arte como ‘protesto’ no eixo Brasil/Argentina durante o pós-Guerra Fria – período de profundas transformações socioculturais que aconteceram simultaneamente nos países da América Latina, e deu origem a uma euforia social, uma criatividade radical e muitas crises no sistema.
Assim, os anos sessenta foi um período de emancipação juvenil, de libertação sexual, da explosão dos artistas da vanguarda, dos hippies, do avanço da sociedade capitalista, do impactante desenvolvimento dos meios de comunicação de massa e da publicidade que conviviam com a perseguição ideológica, a censura, as lutas revolucionárias, a descolonização e as ascendentes ditaduras latino-americanas. Mas, diferente do que muitas pessoas acreditam, não houve uma “americanização” imposta pela hegemonia da cultura pop dos EUA, o Brasil e Argentina possuíam um olhar próprio sobre a arte na América do Sul.
‘América do Sul – a pop arte das contradições’ não se trata de arte engajada no modelo dos Partidos Comunistas, mas sim da arte como exercício experimental da liberdade. Um mergulho crítico sobre a condição do sujeito moderno dentro deste turbilhão social de anonimato urbano.
De um lado a imagem da Coca-Cola, do outro a figura de Che Guevara, dois símbolos ícones da pop arte que representam perfeitamente as contradições ideológicas do período, marcados nos trabalhos de Cildo Meireles (Inserções em circuitos ideológicos – Projeto Coca-Cola) e o Che Guevara de Roberto Jacoby.
Além da pop art, o período também sofreu influência do Nouveau réalisme na França, o Situacionismo italiano, a Outra Figuración argentina, a Nova Objetividade e a Tropicália no Brasil.
Com curadoria de Paulo Herkenhoff e do argentino Rodrigo Alonso, a mostra reúne grandes nomes como Antonio Dias, Helio Oiticica, Cildo Meireles, Rubens Gerchman, Anna Maria Maiolino, Lygia Clark, Antonio Berni, Roberto Jacoby, Leon Ferrari, Marta Minujín e muitos outros.
Museu de Arte Moderna (MAM)
Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85, Flamengo, Rio de Janeiro
Telefone (21) 2240-4944
Até 14 de Agosto
Horário de funcionamento ter-sex, 12h-18h; sab-dom e feriados 12h-19h
Fonte: Time Out