Parte do dinheiro recuperado do esquema de corrupção envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral foi devolvida ao Rio de Janeiro nesta terça-feira (21). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que os R$ 250 milhões repatriados para pagar os servidores aposentados do Estado são um sinal de que as instituições funcionam e reagem à corrupção. “Esse dinheiro volta para onde nunca deveria ter saído, volta a servir a sociedade do Rio de Janeiro, como sempre deveria ter sido feito.”
A presidente da AMAERJ, Renata Gil, participou do ato, no Plenário do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Em seu discurso, Rodrigo Janot condenou a ‘ousadia’ daqueles que se ‘colocaram acima do interesse público’.
“A vida é feita de sinais. Hoje temos aqui muitos sinais que devem ser percebidos por todos. São R$ 250 milhões, são 250 milhões de sinais. 147 mil famílias foram destinatárias, 147 mil sinais que devem ser percebidos pelo crime organizado, por aqueles que colocam o egoísmo e a ousadia acima do interesse público. O sinal para a população é de que a institucionalidade funciona, reage de forma legal e constitucional”, disse.
O procurador-geral afirmou que a sociedade hoje não mais suporta a corrupção e que a atuação das instituições é a única forma de reagir. “As instituições têm que funcionar, são chamadas a mostrar a que vieram. Esse ato de hoje demonstra que as instituições funcionam: Magistratura, Ministério Público, Polícia e Receita Federal. Através de um trabalho integrado, fazem frente a essa deslavada corrupção e ao crime organizado que se enraizou no Rio e no Brasil.”
O desembargador Abel Gomes (TRF-2) destacou que os novos instrumentos do Judiciário são essenciais para o combate à corrupção. “Os juízes compreenderam o momento em que vivemos, a importância dos novos instrumentos e estão utilizando de forma bem madura e dosada. Com as novas leis sobre o crime organizado, a persecução penal evoluiu da água para o vinho em 10 anos. Fez muita diferença.”
Decisão de pagar aos aposentados
O juiz Marcelo Bretas (7ª Vara Federal Criminal do Rio) foi o responsável pela autorização o uso do dinheiro exclusivamente para o pagamento dos aposentados. As investigações da Lava-Jato no Rio revelaram até o momento que mais de R$ 300 milhões foram movimentados no exterior pela organização criminosa.
Também estiveram na cerimônia o presidente do TRF-2, desembargador federal Poul Erik Dyrlund, o coordenador da Força-Tarefa Lava-Jato no Rio de Janeiro, Leonardo Cardoso de Freitas, e o procurador-geral do Rio de Janeiro, Leonardo Espíndola.
Sobre a devolução dos recursos ao Rio, o presidente do TRF afirmou que o momento é “extremamente histórico e simbólico”. Já o procurador Leonardo Freitas disse que a crença de que o Brasil é o País da impunidade perde força e defendeu a colaboração premiada. “Sem ela, muitos dos avanços não ocorreriam”, disse.