Artigos de Magistrados | 24 de janeiro de 2022 12:17

Em artigo, juiz de Petrópolis exalta o desembargador Antônio Izaías

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu (1932-2022) | Foto: Brunno Dantas/TJ-RJ

Em homenagem ao desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu, falecido na semana passada aos 89 anos, o juiz Enrico Carrano, da 1ª Vara Cível de Petrópolis, escreveu o artigo que publicamos abaixo.

A vida de um grande amigo.

Enrico Carrano

Magistrado, membro da APE e do IHP

“Antônio Izaías da Costa Abreu (Bom Jesus do Itabapoana, 05/03/1932 – Rio de Janeiro, 18/01/2022) encarnou um modelo de humanista que já praticamente não existe mais. Como magistrado, homem de cultura e do seu tempo, sempre esteve em sintonia com o mundo, não circunscrevendo conhecimentos ao campo exclusivamente jurídico, senão ampliando-os para todos os segmentos do saber das Letras e da História.

Chegou a Petrópolis em 1959 e aqui permaneceu até 1980, quando por força de imperativo profissional mudou-se para o Rio de Janeiro, mantendo aqui habitação.         Formou-se em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis em 1964, tendo sido aluno, na graduação, dentre outros, do frei Evaristo (d. Paulo Evaristo Arns), de quem sempre falava, e dos eminentes e saudosos professores doutores Flávio Bauer Novelli, Guilherme Estelita e Arthur Sá Earp Neto e dos desembargadores Aloysio Maria Teixeira, Raphael Cirigliano Filho e Nelson Pecegueiro do Amaral.

Exerceu a advocacia e foi funcionário da Sul-América Seguros; na década de 70, foi secretário de governo do prefeito João Ésio Caldara. Nessa qualidade, participou ativamente da organização da cerimônia de trasladação dos restos mortais da princesa Isabel e do conde D´Eu para a Catedral de Petrópolis, em maio de 1971.         Ingressou na Magistratura de Carreira do antigo Estado do Rio de Janeiro (1972), tendo exercido os cargos de juiz de Direito, dentre outras comarcas, em Campos, Santo Antônio de Pádua, Petrópolis (1975-1980) e Rio de Janeiro. Foi Juiz do extinto Tribunal de Alçada Criminal, onde trabalhou com o desembargador Weber Martins Batista, famoso doutrinador do Processo Penal. No Tribunal de Justiça, como desembargador, integrou a 4ª Câmara Criminal, com o desembargador Raul Quental, sobrinho do grande jurisconsulto, político e diplomata San Thiago Dantas.

Lega-nos o desembargador Izaías extensa e valiosa bibliografia, da qual podemos salientar “A morte de Koeler – A tragédia que abalou Petrópolis” (esgotado), “Municípios e topônimos fluminenses” (esgotado), “O linguajar do marginalizado” (esgotado) e a biografia do desembargador Bezerra Câmara (edição restrita), além de diversas obras sobre a história do Judiciário Fluminense e de seus prédios. Os últimos livros foram sobre “A colonização do Sudeste – a prevalência italiana” e “O Humor e o Riso”, de pensamentos sobre a vida, este último – para minha honra – dedicado a mim e a outros amigos.          O desembargador Izaías era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), das Academias Petropolitanas de Letras (APL) e de Educação (APE) e associado emérito do Instituto Histórico de Petrópolis (IHP), além de diversas entidades nacionais e estrangeiras.

O seu grande amigo, de toda a vida, foi o desembargador Miguel Pachá, presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro no biênio 2003-2004.Também teve muita amizade por sua alteza imperial, d. Pedro Gastão de Orleans e Bragança, e pelo notável ortopedista  Donato D´Ângelo, falecidos.

Falávamos quase todos os dias, conversas intermináveis. Ensinou-me muito. Da última vez, véspera da morte, debatemos sobre as “Reflexões” do professor Esmeraldino Bandeira, publicadas pelo insigne penalista em 1928, que li para ele ao telefone. Izaías me disse, a propósito: “A gente não pode nunca ser pessimista; temos de ser otimistas sempre, até o fim”.

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