Cinco magistrados do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro foram homenageados, nesta segunda-feira (6), na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). O corregedor-geral da Justiça, Claudio de Mello Tavares, e os desembargadores Antônio Iloízio Bastos, Herbert Cohn e Mauro Martins receberam a Medalha Tiradentes. O desembargador Luciano Barreto recebeu o Diploma José Alencar. A Mútua dos Magistrados foi homenageada com o Prêmio Anna Nery da Saúde.
O desembargador Antonio Jayme Boente (presidente da Mútua) recebeu a honraria, que premia anualmente pessoas físicas e jurídicas que reconhecidamente prestam meritória e destacada contribuição ao desenvolvimento da saúde no Rio de Janeiro.
O presidente do TJ-RJ, Milton Fernandes, participou da solenidade. As homenagens foram propostas pela deputada Tia Ju (PRB) e pelo prefeito de Belford Roxo, Waguinho (PMDB).
“Legislativo e Judiciário estão chamados a trabalhar de mãos dadas. Olhando para o Centro do Rio, somos praticamente vizinhos. A função do serviço público, porém, nos vocaciona a ir além estreitando os laços, arregaçando as mangas. A homenagem que hoje recebemos nos motiva a que nosso trabalho seja cada dia mais fatigante, e que esse silencioso martírio alivie a vida de tantos cariocas que, em todos nós, depositam suas esperanças”, disse Claudio de Mello Tavares.
A Medalha Tiradentes é entregue a pessoas que prestaram serviços relevantes à causa pública no Estado. O Diploma José Alencar é concedido a personalidades que reconhecidamente contribuíram para o crescimento e desenvolvimento econômico no Rio.
Leia o discurso do corregedor Claudio de Mello Tavares:
“Estamos sendo especialmente agraciados por simbolizarmos o poder Judiciário de nosso estado na casa do Poder Legislativo. E, nesta distinta ocasião, considero oportuno tecer breves palavras – até porque o tempo é um dom precioso para quem deve zelar pela coisa pública, a res publica. Essa expressão latina, res publica, é justamente a que deu origem, na etimologia, à palavra República. Função que, em nossa história, é atribuída, remotamente, a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Sua figura, que dá nome à medalha que hoje recebemos, foi retomada pelos republicanos um século após a sua morte para valorizar a unidade nacional e os esforços embrionários pela independência do país, especificamente pela autonomia da Capitania de Minas Gerais, no episódio de nossa história que ficou conhecido como Inconfidência Mineira.
Que propósito, então, hoje, e de maneira muito concreta, podemos extrair desse herói da Pátria? Proponho uma palavra: martírio. Sim, o martírio: somos chamados, todos os cariocas, a morrer um pouco a cada dia para tudo aquilo que nos desalenta. E, assim, vencer. Vencer a desesperança, trazida pela miséria que observamos em nosso amado Estado e pelas tragédias que, aos montes, ocupam o noticiário.
Vencer a indiferença às necessidades básicas de tantos concidadãos, que, em algum momento, nos impeliram a assumir uma função pública, mas que a rotina pode acabar relegando a um plano de normalidade quando, na realidade, nossa Constituição Federal traz como valor maior a dignidade da pessoa humana. E não há nada de digno, muitas vezes, em nossos leitos de hospital, em nossas escolas sem aulas, em nossas comunidades com esgoto a céu aberto e na violência que assola todo o Estado.
Vencer o excesso de trabalho, que, infelizmente, nos assoberba, levando-nos a enxergar pessoas como meros nomes na capa de um processo ou como números a mais em relatórios estatísticos. Não é fácil, devemos reconhecer, nos afastar desse estado de frieza, mas é precisamente o que se espera de nós ao retomarmos a imagem de um brasileiro sonhador e inquieto como Tiradentes. Olhando para seu exemplo, devemos ser impelidos a assumir uma posição de heroísmo. Acreditemos no Rio de Janeiro sonhado!
Legislativo e Judiciário estão chamados a trabalhar de mãos dadas. Hoje, mais do que nunca, é o que ocorre, surgindo vários mecanismos de diálogo em que se atribui ao Tribunal de Justiça determinar a interpretação definitiva das normas produzidas nesta Casa. Isso, obviamente, não pode ser uma atividade autoritária, mas voltada a compreender o que aquele texto legal quis refletir, já que não há Poder da República mais legítimo que o Legislativo, que representa, de maneira diretíssima, cada inegrante da população carioca.
Olhando para o Centro do Rio, somos praticamente vizinhos. A função do serviço público, porém, nos vocaciona a ir além estreitando os laços, arregaçando as mangas. A homenagem que hoje recebemos nos motiva a que nosso trabalho seja cada dia mais fatigante, e que esse silencioso martírio alivie a vida de tantos cariocas que, em todos nós, depositam suas esperanças. Muito obrigado a todos.”
Fotos: Raquel Rocha/CGJ