O mito, a verdade, a mídia e o poder foram debatidos durante a 18ª Reunião do Fórum Permanente de Direito à Informação e de Política de Comunicação Social do Poder Judiciário sobre “Escândalo na Justiça” ontem (14), no Auditório Joaquim Antonio de Vizeu Penalva Santos, da Emerj. Participaram os desembargadores Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, Fernando Foch e José Muiños Piñeiro Filho, o historiador Joel Rufino e o jornalista Ancelmo Gois.
Luiz Fernando Carvalho, Fernando Foch, José Muiños, Ancelmo Gois e Joel Rufino
O presidente do Fórum Permanente de Direito à Informação e de Política de Comunicação Social do Poder Judiciário, desembargador Fernando Foch, abriu o evento e citou alguns casos polêmicos que levaram o Poder Judiciário às manchetes nos últimos tempos.
Em sua palestra sobre o tema, o professor, historiador, cientista político e escritor Joel Rufino, diretor-geral de Comunicação e de Difusão do Conhecimento (DGCOM), do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, destacou que escândalo é o acontecimento que surpreende, que ninguém prevê, e o poder tem impactos diferentes na vida social. “Eu quero falar sobre um poder invisível ao senso comum que é o poder do tempo. O tempo em si é um mistério”, afirmou o professor, questionando ainda “Por que o tempo não volta? Por que o tempo destrói? Por que, com o tempo, tudo muda?”. Ele explicou que todo tempo tem um conteúdo de ideias e sentimentos que é único e o difere de outros e que, no nosso tempo, a verdade é sofística, ou seja, verdade é aquilo que você convence o outro que é verdade. Não há a verdade transcendental por trás dos fatos. “O mito é um tempo sem marcas. A verdade é sofística. Escândalo é um acontecimento e o poder é um poder totalitário. Ninguém escapa do seu tempo”, completou o palestrante.
Para o jornalista Ancelmo Gois, o juiz, assim como o jornalista, deve vencer, não pelo temor, mas pelo respeito dos outros. Ele lembrou que a velocidade, hoje, é instantânea, e não há mais segredos na humanidade. “Do ponto de vista tecnológico, está todo mundo nu. Aparece, para o bem ou para o mal”, disse. O jornalista contou ainda que, hoje, a imprensa disputa com a população a primazia da informação. “A imprensa não é melhor nem pior do que ninguém, é atividade fundamental numa Democracia”, concluiu.
O desembargador José Muiños Piñeiro Filho ressaltou que o tempo do Judiciário é totalmente diferente do tempo da mídia e que é preciso que eles se aproximem, para que a matéria saia o mais fidedigna possível. Para o magistrado, o Poder Judiciário se tornou protagonista desde a Constituição de 1988 e a Emenda 45 trouxe uma nova visão para a sociedade, fiscalizando-o. Ele falou ainda sobre a mentalidade secular de o juiz não falar com a imprensa. “O Judiciário precisa mudar e se aproximar da sociedade”, defendeu.
O presidente do TJ-RJ, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, afirmou que há uma conjugação entre os termos mito, verdade, mídia e poder. “A verdade, depois de um certo tempo, até pela sua fraude, se torna um mito”, acrescentou. O presidente do TJ fez ainda uma reflexão sobre o efêmero e sobre a ditadura da primeira versão. “A verdade mais imediata e mais forte é a primeira versão”, disse. Para finalizar, o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho citou o personagem Lamberto Laudisi, da peça “Seis personagens à procura do autor”, de Luigi Pirandello, que era um filósofo amador e dizia que a verdade é sempre subjetiva e que, portanto, não havia verdade.
Fonte: Amaerj com informações do TJ-RJ