Notícias | 17 de novembro de 2011 14:24

Caso Patrícia Acioli: Justiça ouviu testemunhas de defesa nesta quarta-feira, dia 16

O juiz Peterson Barroso Simão, titular da 3ª Vara Criminal de Niterói, ouviu, nesta quarta-feira, dia 16, as testemunhas de defesa, no terceiro dia das audiências de instrução e julgamento do processo sobre a morte da juíza Patrícia Acioli. Como algumas testemunhas não compareceram, o magistrado suspendeu a audiência ao meio-dia para que o cartório e advogados tentassem requisitar alguns militares para prestarem depoimentos na parte da tarde, de modo a não prejudicar os trabalhos. O juiz já sinalizou que as audiências devem se estender até a segunda-feira, dia 21.

Pela manhã, quatro testemunhas arroladas pelo ex-comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar, coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, prestaram depoimento ao Juízo: o coronel Marcos Jardim, ex-comandante do 7ºBPM; o major Rodrigo Bezerra, chefe da 2. Seção do 7º BPM; o tenente Bruno Faria Dutra de Souza e o coronel Robson dos Santos Batalha. Também foram ouvidos, na qualidade de informantes, Caroline Silva Rodrigues e Fernando Benitez. Ela é companheira do tenente Daniel Santos Benitez Lopez, enquanto ele é tio do acusado.

Em seu depoimento, o coronel Marcos Jardim disse que tinha relações de amizade com a magistrada, inclusive chegou a freqüentar sua casa. Indagado sobre a visita feita pelo coronel Claudio Oliveira a Benitez, preso após a execução da juíza, ele afirmou que considera normal que um comandante vá ao batalhão prisional visitar seus policiais acautelados.

Caroline Rodrigues apresentou um álibi para seu companheiro, o tenente Benitez. Ela disse em juízo que o oficial chegou em casa, no dia da execução da juíza Patrícia Acioli, por volta das 23 horas. Segundo ela, que não precisou o horário, por não ter relógio no quarto, eles tiveram uma briga naquela noite, que se estendeu por um longo tempo, porque desconfiava que o marido tinha uma relação extra-conjugal. Em função da discussão, policiais foram à residência do casal, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, para verificar o que ocorria.

Fernando Benitez, tio do tenente Benitez, que é cirurgião dentista com consultório em São Gonçalo, afirmou que deu carona ao sobrinho na véspera do crime, por volta das 20h. Segundo o Ministério Público, nesta noite, um grupo de policiais, liderados pelo tenente, teria se encontrado em uma praça no Barreto, Niterói, para juntos irem reconhecer a área da residência da magistrada.

À tarde, foram ouvidas mais sete testemunhas de defesa: Sabrina dos Santos, Avelino Gonçalves, Uthant Leal e Max Santos, arrolados pela defesa do acusado Handerson Lents; o agente penitenciário David Eduardo Nunes Martins, pela defesa do coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira; o tenente Rafael da Silva, pela defesa do tenente Daniel Benitez; e André da Silva Moreira, pela defesa de Alex Ribeiro Pereira.

Em seu depoimento, a major Sabrina dos Santos contou que trabalhava com Lents no 12º Batalhão de Policia Militar desde setembro deste ano. “Do portão para dentro do batalhão, ele era um bom policial”, declarou. Ela disse, ainda, que não havia competência hierárquica que justificasse a conduta do réu de mostrar a casa da juíza Patricia Acioli aos policiais de outro batalhão. “Se ele cumpriu ordem, mesmo que agindo erradamente, deveria ter comunicado o fato ao seu superior hierárquico”, completou. O subtenente Avelino Gonçalves destacou que, para um policial passar qualquer informação, ele deve saber o motivo e a legalidade do ato. “Na nossa profissão, nós temos que saber sempre o motivo das perguntas”, afirmou. O soldado Uthant Leal contou que trabalhou com Lents na secretaria do batalhão e Max Santos ressaltou que a “conduta do Handerson é exemplar”.

Em continuação, o inspetor penitenciário David Eduardo Nunes Martins disse, em seu depoimento, que conhecia a juíza Patricia Acioli desde dezembro de 2010 e que manteve um relacionamento amoroso com a magistrada. “Na verdade, meu relacionamento com a Patrícia foi de seis encontros, praticamente, um mês”, lembrou. O depoente contou ainda que, no início deste ano, dormiu na casa da juíza Patricia Acioli e que os dois foram acordados pelo cabo Poubel, que invadiu a casa da magistrada e os rendeu e agrediu por volta das 5h da manhã. A agressão teria resultado no deslocamento do seu maxilar, fissura no nariz, hematoma nas costas e uma costela quebrada, e a juíza Patrícia Acioli teria sofrido um corte profundo no rosto e ficado com manchas roxas por todo o corpo. A família do inspetor penitenciário teria ficado acuada e com medo pela atitude do cabo Poubel e, em função disso, a magistrada teria feito uma solicitação ao 7º BPM para que fosse realizado um patrulhamento em frente à casa dele. Ainda de acordo com David Eduardo, desde este fato, a juíza Patricia Acioli não entrou mais em contato com ele.

O policial Rafael Paulino da Silva declarou que fez a transferência dos acusados Daniel Santos Benitez Lopez, Sergio Costa Junior e Jeferson de Araújo Miranda da Delegacia de Homicídios para o Batalhão Especial Prisional (BEP) e que, no caminho, parou no Hospital Central da Policia Militar porque “os três estavam visivelmente transtornados”. Segundo ele, os acusados não revelaram terem sido pressionados para fazer declarações sobre as investigações da morte da juíza Patricia Acioli.

O último a prestar depoimento nesta quarta-feira, dia 16, foi o cabo André da Silva Moreira, que afirmou que o réu Alex Ribeiro Pereira sempre procurou atender a população da melhor forma possivel e “sempre foi um excelente policial”.

Os réus Cláudio Luiz Silva de Oliveira, Daniel Santos Benitez Lopez, Sérgio Costa Junior, Jovanis Falcão Junior, Jeferson de Araújo Miranda, Charles Azevedo Tavares, Alex Ribeiro Pereira, Junior Cezar de Medeiros, Carlos Adílio Maciel dos Santos, Sammy dos Santos Quintanilha e Handerson Lents Henriques da Silva compareceram à audiência.

Fonte: Assessoria de Imprensa do TJ-RJ