Depois de 12 anos sem efetivar a pena capital, o Estado do Arkansas – onde nasceu o ex-presidente Bill Clinton –, nos EUA, está apressando o cronograma de execuções de oito presos em um período de 11 dias. O plano se deve ao fato de que uma das substâncias usadas nas injeções fatais, o sedativo midazolam, vai vencer e é muito difícil adquirir o produto porque a indústria farmacêutica se recusa a fornecê-lo para esse fim.
A decisão do Arkansas foi parar nos tribunais, e as três primeiras execuções acabaram canceladas por liminares. A Suprema Corte dos EUA, porém, negou por 5 votos a 4 recurso dos presos argumentando que o Estado estava acelerando injustamente os processos, em uma “punição cruel e atípica”.
O primeiro preso a ser executado, Ledell Lee – que estava havia 20 anos no corredor da morte por matar uma mulher por espancamento –, morreu quatro minutos antes de o mandado que determinava sua morte expirar. Mais dois presos foram executados, em 23 de abril, na primeira execução dupla desde 2000 nos EUA.
Além das defesas de de entidades de direitos humanos, uma das pessoas que se opuseram às execuções foi o químico suíço Armin Walser, 80 anos, responsável por sintetizar uma das três drogas que compõem o coquetel fatal usado no procedimento. Ele inventou o midazolam quando trabalhava em uma empresa farmacêutica em Nova Jersey, em 1974.
O objetivo era ter uma sedação alternativa mais confortável ao Valium, injetável. Hoje, o midazolam está na lista dos remédios considerados essências em um sistema de saúde. Mas já foi usado em 21 execuções nos EUA. “Não trabalhei nessa droga para matar pessoas”, disse à Vice.