Sete juízas afegãs – três delas casadas com juízes -, filhos e parentes próximos chegaram ao Brasil esta semana. O grupo de 26 pessoas obteve o visto humanitário. O resgate ocorreu graças à operação conjunta de associações nacionais e internacionais, entre elas a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).
As magistradas estavam ameaçadas de morte por terem julgado membros do Talibã, grupo que tomou o poder no Afeganistão, país da Ásia Central. Além de determinar a prisão de réus envolvidos com o grupo fundamentalista, elas concederam o divórcio a mulheres em relacionamentos abusivos. Com a ascensão do grupo, homens presos por diversos crimes foram libertados e passaram a ameaçá-las. Em janeiro, duas juízas da Suprema Corte do país foram mortas por homens armados.
Por razões de segurança, detalhes da operação de resgate foram mantidos em sigilo. As famílias chegaram ao Brasil entre a segunda passada (18) e esta quarta-feira (20) em voos provenientes da Turquia, da Macedônia do Norte e da Grécia.
A AMB coordenou a negociação com a Associação Internacional de Juízas, que pediu a ajuda há cerca de dois meses. À época, a organização internacional informou que 270 magistradas afegãs precisavam de asilo e buscou países que pudessem acolhê-las.
A AMB fez tratativas com o governo para facilitar a concessão dos vistos. Em 3 de setembro, o Brasil anunciou o visto humanitário para afegãos. A nota conjunta da Justiça e do Itamaraty informou que o país levaria em conta, entre as prioridades, “a situação particular das magistradas afegãs que foi trazida ao conhecimento do governo brasileiro”.
“Eles deixaram muito claro que querem independência, querem trabalhar, prosseguir nos estudos”, afirmou Renata Gil, presidente da AMB, ao jornal Folha de S. Paulo. “Acho que vão conseguir retomar a vida rapidamente, porque são muito qualificados. Até lá, vamos dar um suporte”, completou.
As famílias que chegaram esta semana vão morar inicialmente em Brasília, em uma hospedagem provisória.
*Com informações de Folha de S. Paulo e O Globo
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